Faz cinqüenta anos que a expressão Terceiro Mundo foi pronunciada pela primeira vez, durante a 1.ª Conferência de Solidariedade Afro-Asiática, em Bandung, Indonésia, em abril de 1955. Mais de 600 delegados, oriundos de 29 países com amargas experiências deixadas pelo colonialismo, ali discutiram as bases da convivência pacífica de regimes políticos diferentes.
O respeitado intelectual Ignacy Sachs, diretor do Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, tem estudado a fundo a questão. Nos vários livros que escreveu sobre a dependência socioeconômica terceiro-mundista, mostra a falência dos inúmeros paradigmas postos em prática nos últimos cinqüenta anos.
Sachs tem repetido que a tarefa mais urgente do momento é buscar entender as causas do fracasso, tanto do socialismo real quanto do neoliberalismo baseado no Consenso de Washington, passando pelo crescimento alimentado por desigualdades sociais (o milagre econômico brasileiro), além da expansão do modelo social-democrata.
Em recente artigo, o estudioso lembrou que ainda não se logrou governança capaz de harmonizar objetivos sociais, ambientais e econômicos. O entrave é que o Terceiro Mundo não pode aguardar outro meio século para resolver problemas como fome, mortalidade infantil, doenças infecto-contagiosas, habitação e emprego.