O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse, nesta quarta-feira, que a tendência da taxa de juros, daqui para frente, é cair, e o governo ter melhor controle sobre um possível aumento da dívida interna.
"O governo consolidou uma série de aspectos na política fiscal para isso, embora ainda haja alguns riscos importantes, que eu chamaria estruturais, que não permitem que a taxa de juros seja mais baixa do que ela é hoje".
O Comitê de Política Monetária decidiu na semana passada, por unanimidade, manter pelo terceiro mês consecutivo a taxa básica de juros em 19,75% ao ano.
De acordo com Levy, o juro de curto prazo é determinado pelo Banco Central e tem um olhar sobre a inflação e também sobre outros fatores. Na sua opinião, para o Brasil ter uma queda significativa da taxa de juros vai ser importante um "esforço nacional" para acertar "algumas outras coisas" que impedem que a taxa caia.
Sem entrar em detalhes sobre quais seriam essas "outras coisas", Levy explicou que, para isso, devem ser criados um ambiente e dadas as condições. "Várias dessas condições estão aí: a inflação está caindo, as exportações estão indo bem, a parte fiscal está se fortalecendo", observou, ponderando que, no entanto, "tem ainda algumas coisinhas que precisam ser acertadas para ela (taxa de juros) poder cair e cair de uma maneira significativa, que é o que todo mundo quer".
Sobre a posição do governo a respeito da recente elevação do total de títulos da dívida interna brasileira, que subiu 13% nos últimos 12 meses anteriores a julho, o secretário do Tesouro esclareceu que o estoque da dívida cresce em função da dinâmica de emissões, com o governo criando, às vezes, por motivos de precaução, o chamado "colchão de liquidez".
Levy esclareceu que quando um observador analisa um período de 12 meses tem que estar acostumado com a dinâmica interna de variação dos títulos. "Tem meses em que cresce mais e tem meses em que cresce menos", relatou. Em termos do individamento líquido, "que é o que realmente faz a diferença", segundo ele, o governo vem reduzindo a relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB), que é o endividamento líquido, em função dos gastos do governo e também em função do crescimento da ecomomia.
Diante desse panorama, o secretário do Tesouro Nacional projeta ainda muito trabalho pela frente. "O trabalho da dívida tem que continuar, mas, em termos de vulnerabilidade, em termos de risco para o país, a dívida hoje está numa situação muito melhor do que, digamos, em 2001 e, principalmente, 2002", sustentou, apontando que "a relação dívida PIB caiu e hoje em dia a parte que é indexada ao dólar praticamente desapareceu".
Em outras palavras, complementou, "se amanhã o dólar mudar de preço isso não vai ter impacto na dívida pública".