Não fui, não sou e jamais espero ser petista, mas quando gosto de alguma coisa, falo e elogio, mesmo em se tratando de alguém que costumeiramente critico.
Outra noite, quase madrugada de uma segunda-feira, estava assistindo à TV e passei pelo canal a cabo BBC, no qual acabei acompanhando uma entrevista do nosso presidente ao programa ?Hard Talk?, da televisão inglesa. Problemas à parte do não conhecimento da língua, nossa primeira autoridade, a meu ver, está de parabéns. Sem o comprometimento de um verniz político de seus antecessores e sem embromação alguma, nosso primeiro mandatário, no seu linguajar peculiar e muito pouco erudito, respondeu e rebateu alguns questionamentos feitos por um apresentador esnobe, como a maioria dos ingleses é.
Colocou a sua opinião sobre o déspota do seu colega venezuelano quanto à questão da liberdade de imprensa e à cassação da RCTV, dizendo que isso é um problema deles e que não devemos interferir em questões internas alheias, pois o seu comprometimento é com o povo brasileiro e a salvaguarda de nossos direitos conquistados, sejam eles econômicos ou democráticos estes últimos, como dizíamos, ?para inglês ver?, vide os recentes episódios do plebiscito do desarmamento e algumas tentativas de cerceamento de nossa liberdade de imprensa.
Mas quando o assunto foi a preservação da Amazônia, Lula mereceu nota dez! Falou do solo improdutivo para a agricultura, forneceu dados sobre a cana-de-açúcar e a soja, defendeu com bravura uma região onde vivem 22 milhões de brasileiros. Região esta única e exclusivamente sob a responsabilidade do nosso País e, principalmente, deu o troco ao pernóstico entrevistador quando enfatizou que os europeus, especialmente os ingleses, com sua ganância e sua postura escravagista histórica, têm hoje menos de 0,5% de área verde original preservada.
O novo sempre vem, a mudança e a morte são as únicas certezas da vida e acho que após cinco anos de mandato, nosso principal mandatário está começando a trilhar um novo caminho que poderá ser muito produtivo para todos nós brasileiros.
Infelizmente nossas outras autoridades eleitas parecem que ainda não perceberam que existe uma nova ordem no mundo, onde a transparência, a ética e o respeito voltaram a ser valorizados e que os desvios de comportamento no que tange à lisura e à honestidade se não forem respeitados, graças a esta nova ordem, deverão sempre ser denunciados e, principalmente, punidos, doa a quem doer, seja quem for, amigo, conhecido ou familiar. Punição esta que, infelizmente, nosso presidente ainda reluta em aplicar, talvez tentando se solidarizar e proteger antigos companheiros, seu reacionário partido, ou coisas muito piores que precisam ser camufladas!
Sylvia Romano é advogada trabalhista, em São Paulo.