Faltaram exatamente quatro votos para a aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC), patrocinada pelo deputado petista Tadeu Veneri, visando introduzir na Constituição do Estado do Paraná o dispositivo para eliminar (ou tornar cada vez mais difícil) a prática do nepotismo.
Os quatro votos eximidos do cômputo final (29 favoráveis à proposta e 15 contrários), segundo constataram analistas políticos, conforme bem registrou ontem O Estado do Paraná, poderiam ter sido acrescentados ao número de deputados a favor da PEC pelos também petistas Ângelo Vanhoni, Pedro Ivo Ilkiv, Natálio Stica e Hermes Fonseca, ausentes do plenário no momento em que o presidente Hermas Brandão iniciou o processo de votação.
A deserção desses deputados, que acabou derrubando a iniciativa de um companheiro de bancada, transformou radicalmente o panorama observado na primeira votação, quando a medida foi aprovada por 40 votos a zero.
Nos próximos dias haverá, decerto, intenso exercício por parte dos repórteres que cobrem o cotidiano da Assembléia Legislativa, não apenas para escrutinar e compreender a situação, mas para melhor explicar à opinião pública os motivos que levaram os deputados petistas a retirar o apoio a um colega de bancada.
O deputado Ângelo Vanhoni, líder do PT, declarou que o melhor caminho seria o entendimento em torno dos três projetos similares que tramitam na Casa (um de autoria do governador Roberto Requião e outro da bancada do PMDB), a fim de evitar o desgaste que o tema indigesto do nepotismo tem gerado desde o cumprimento da determinação do Conselho Nacional de Justiça, exigindo a demissão, no âmbito do Poder Judiciário, dos parentes de juízes e desembargadores nomeados para cargos de confiança, sem o crivo do concurso público.
Para o presidente estadual do PT, deputado André Vargas, a ausência dos quatro petistas no momento da votação da PEC e a argumentação divergente apresentada pelo líder da bancada, tiveram o peso duma traição, à vista do prévio fechamento da questão e, mais grave, por se insurgir contra a posição assumida por parlamentar do próprio partido.
O relator da PEC, deputado José Maria Ferreira (PMDB), votou a favor em nome da coerência, mesmo que há alguns dias tivesse sofrido indevida recriminação pública por sua intimorata posição.
