Teia devassada

Alguém precisa dizer ao presidente Luiz Inácio que já não há necessidade de mistificar quanto a sua disposição de ser candidato à reeleição, mesmo sob o risco do crescimento da pressão oposicionista em reclamar estrita obediência aos prazos fixados pela legislação eleitoral para o recrudescimento da campanha.

Mesmo o mais humilde contínuo do Palácio do Planalto sabe que Lula jamais esteve tão candidato como agora e não será na base de discursos retóricos ou outros expedientes retirados da matalotagem bem conhecida da política brasileira que a sociedade será induzida a crer nesse conto da carochinha.

A teia que encobre a verdadeira intenção de Lula começa a ser devassada e as primeiras providências concretas ganham forma mais delineada. O presidente já escolheu, inclusive, os três principais componentes do núcleo destinado a gerir todos os lances da campanha.

Trata-se dos ministros Antônio Palocci (Fazenda), Jaques Wagner (Relações Institucionais) e Luiz Dulci (Secretaria Geral), que, segundo as características de cada um, a princípio cuidarão do relacionamento com os empresários, com os partidos, visando às alianças, movimentos sociais populares e Igreja Católica.

Uma atribuição importante de Palocci será restabelecer os canais do PT com os empresários, visando à arrecadação de doações para a campanha, depois do vendaval do mensalão. Especula-se ainda sobre a competência do ministro para a função, agravado pelas incômodas alusões à prática de corrupção quando prefeito de Ribeirão Preto.

A mídia política discute até se Palocci sairá do governo ou dará preferência a uma licença temporária, para não perder o chamado foro privilegiado no caso de eventual complicação com o Poder Judiciário. O recado mais direto de Palocci a seu público específico será a prioridade do crescimento e os ajustes da atual política econômica, que muitos estão classificando como a versão revisada da ?Carta ao Povo Brasileiro?.

Com sérios problemas na composição de forte aliança partidária, Wagner foi escalado para fazer o meio-de-campo e seduzir os interessados de sempre, ao passo que Luiz Dulci será o elemento de ligação com a Igreja Católica e os movimentos sociais, setores onde o presidente enfrenta, talvez, o mais profundo desgaste.

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