Um sistema de identificação rápida, como o usado pela CIA e FBI, vai ajudar a Polícia Federal a confirmar a identidade dos 43 presos na Operação Facção Toupeira. As digitais dos criminosos detidos nos últimos três dias serão lançadas hoje no Sistema Automatizado de Identificação e Impressões Digitais da Polícia Federal. Se eles estiverem entre os 5 milhões de criminosos já cadastrados no sistema, serão identificados instantaneamente.
Essa será a primeira prova de fogo do sistema conhecido pela sigla inglesa Afis (Automated Fingerprint Identification System) que custou US$ 35 milhões aos cofres da Polícia Federal e está sendo implantado no País desde agosto de 2004. Segundo o delegado Ildo Gasparetto, do Departamento Regional de Combate ao Crime Organizado de Porto Alegre, essa ferramenta será usada porque a maioria dos detidos pela operação na sexta-feira apresentou documentos falsos.
Há suspeitas de que haja, entre os presos, os principais mentores do furto de R$ 164,7 milhões do Banco Central de Fortaleza, capital do Ceará, o maior do País, além de grandes assaltantes de banco, joalherias e condomínios da cidade de São Paulo. A Polícia Federal recebeu informações de que alguns deles teriam feito cirurgia plástica para mudar a aparência. ?Eles podem ter mudado de rosto, mas não de digitais?, informou Gasparetto.
A Operação Facção Toupeira foi deflagrada em nove estados, depois que a Justiça Federal expediu 60 mandados de prisão e mais de 100 mandados de busca e apreensão de bens que teriam sido adquiridos pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
O Afis é utilizado em países como França, Alemanha, Estados Unidos e Canadá. A versão aplicada no Brasil, segundo Gasparetto permite a identificação do criminoso a partir de apenas um fragmento de digital. ?Esse sistema, que ainda está em fase de implantação, vai permitir, no futuro, que se identifique um criminoso apenas por um fragmento de digital colhido no local do crime?, disse Gasparetto.
O objetivo da Polícia Federal, segundo o delegado, é integrar o Afis às Secretarias de Segurança Pública e Polícias Civis de todo o País. Assim, todo cidadão que fizer uma identidade será automaticamente cadastrado no sistema. ?Se o Afis já estivesse completamente implantado, nós teríamos a confirmação da identidade no momento da prisão. Quando isso ocorrer, estaremos no mesmo nível da CIA e do FBI, nos Estados Unidos.
Mentores
Na tentativa de esclarecer os mentores intelectuais do assalto às agências do Banrisul e da Caixa Econômica Federal (CEF), frustrado na manhã de sexta-feira, a PF de Porto Alegre vai enviar policiais para interrogar o preso Fabrísio Oliveira Santos, o Boy, que está detido na Custódia da PF de São Paulo.
Fabrísio negociou a compra do prédio vizinho às agências onde foi localizado o túnel de mais de 80 metros, que seguia em direção às caixas-fortes dos bancos. ?Queremos saber quem deu a dica para ele comprar o prédio. Ele só fechou o negócio porque já tinha informações sobre os bancos. Queremos chegar aos mentores.