Rio – A Petrobras quer buscar na Rússia experiência na construção de grandes gasodutos e na gestão do mercado de gás natural. Em reunião ontem (7), a diretoria da estatal e uma comitiva da gigante russa OAO Gazprom, maior empresa mundial de gás, iniciaram conversas sobre troca de tecnologias e futuros projetos em conjunto.
A Gazprom opera alguns dos maiores gasodutos do planeta – como os 4 mil quilômetros que ligam a península de Yamal, na Sibéria, à Europa ocidental – experiência que pode contribuir no desenvolvimento do projeto interligando as reservas da Venezuela à Argentina.
"Somos um país onde a indústria do gás ainda é incipiente e esta aproximação com a Gazprom, que opera em um mercado maduro, é muito importante", disse o diretor de gás e energia da Petrobras Ildo Sauer.
A empresa russa produziu, no ano passado, cerca de 1,5 bilhão de metros cúbicos por dia, o que representa quase 50 vezes a produção brasileira do combustível. O plano de negócios da empresa prevê maior atuação no exterior e, segundo seu diretor internacional, Stanislav Tsyngarov, o mercado sul-americano de gás tem grande potencial de crescimento. "O papel do gás é muito importante em economias em desenvolvimento", afirmou o executivo
Para a Petrobras, o interesse reside na experiência do grupo russo na operação de gasodutos e em tecnologias como o armazenamento de gás natural em depósitos subterrâneos, informou Sauer. A estatal brasileira trabalha para ampliar a malha nacional de transporte de gás e o assunto ganha importância à medida em que avançam os estudos para a construção do projeto de interligação do continente. No mês passado, os governos do Brasil, Venezuela e Argentina assinaram protocolo que dá início à avaliação do gasoduto transnacional, de cerca de 10 mil quilômetros.
Sauer lembrou também que a tecnologia de armazenamento de gás pode contribuir para regular o mercado, evitando o desperdício do combustível em períodos de consumo em baixa. Ele não quis identificar, porém, projetos específicos em comum entre as duas companhias – disse apenas que parcerias serão analisadas possibilidades em todas as áreas de atuação da Petrobras. Hoje (8), por exemplo, a comitiva russa foi à Bacia de Campos, visitar uma plataforma de produção de petróleo em alto-mar.
Técnicos da Petrobras viajarão à Rússia entre o final de março e o começo de abril para continuar as conversas sobre possíveis parcerias. Atualmente, a Gazprom protagoniza uma crise entre seu país e a Ucrânia, que teve o abastecimento cortado no início de janeiro por não aceitar reajustes no preço do gás. Logo depois, países da Europa ocidental começaram a reclamar que os volumes importados da Rússia, que passam pela Ucrânia, estavam sendo reduzidos. A companhia é responsável por cerca de 20% do abastecimento do combustível nos países da União Européia.