São Paulo – Basta acionar um botão escondido e luzes começam a piscar em toda a carroceria do veículo. No entanto, a luminosidade só é vista por quem observa o carro de uma câmera de monitoramento comum – dessas existentes em estacionamentos e no controle do tráfego. "O carro em que uma pessoa está seqüestrada ou em situação de perigo pode ser seguido com segurança, sem que o bandido perceba", explica Elcio Vicentin, diretor corporativo da Car System, empresa que comercializa o sistema, chamado Lume System.
A tecnologia é uma das novidades em um setor que cresce na mesma medida em que a violência e o medo ganham espaço em metrópoles como São Paulo. O Lume System, por exemplo, funciona com placas imperceptíveis instaladas no carro, que emitem luz numa freqüência que o olho humano é incapaz de captar. "Levamos seis meses para desenvolver o sistema e adaptá-lo a todas as condições possíveis, como chuva, sol e até neblina", conta Vicentin.
A Car System tem apenas cinco anos de existência, mas a crescente busca da população por maior segurança fez com que já alcançasse 100 mil clientes. "As tecnologias de monitoramento estão muito mais acessíveis, e hoje é possível ter o carro rastreado por R$ 99 mensais. No passado, esse valor era de R$ 390."
Novas empresas também chegam ao setor, como a Findme, que começou a vender seus produtos em novembro. Entre as novidades está um rastreador do tamanho de uma caixa de fósforos que pode ser usado em veículos, pessoas e animais. "Se o botão de pânico é acionado, uma mensagem de alerta vai para cinco números de telefones e a pessoa é localizada", explica Theodoros Megalomatidis, presidente da empresa, que investiu R$ 400 mil para desenvolver novos produtos.
No setor de blindados, também não é preciso ser um grande executivo ou ter um carro muito luxuoso para gastar com segurança. Segundo a Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), 2005 deve fechar com 3.816 veículos blindados, uma alta de 28% em relação a 2004. "A blindagem cresce proporcionalmente à sensação da falta de segurança da população e do aquecimento da economia", diz Franco Giaffone, presidente da entidade.
De acordo com ele, o setor é relativamente novo no Brasil, com cerca de 10 anos de existência, e a queda nos preços foi um dos impulsos para a popularização do serviço. "Antigamente, uma blindagem saía em torno de R$ 90 mil. Hoje, o preço médio é de R$ 50 mil, mas já vi anúncios de empresas que cobram até R$ 20 mil."
A busca pelo serviço já ocorre nas montadoras, e a Mitsubishi traz o modelo Pajero TR4 blindado de fábrica. "Pesquisamos com consumidores e vimos potencial. Neste primeiro ano, devemos somar 100 veículos vendidos, o que deve aumentar no ano que vem", conta Reinaldo Muratori, diretor de engenharia da montadora. O veículo chega na concessionária com um preço em torno de R$ 55 mil superior ao automóvel original.
As vendas no varejo estão estáveis para vendedores como a Master Blindagens, que deve fechar o ano com 300 veículos blindados. No entanto, o público consumidor mudou muito. "Antes, o cliente era classe AA e às vezes só blindava por status. Hoje, já se procura blindar carros que chamam menos atenção, como o Corolla e o novo Vectra", diz Deyvid Arazi, diretor-comercial da empresa. Segundo ele, até carros menores, como o Honda Fit, também estão sendo blindados.
Já a Vidrotec produz cerca de 1,2 mil kits de vidros blindados para automóveis a cada ano e deve fechar 2005 com cerca de 5% de crescimento. "O mercado em São Paulo está estagnado, mas vem crescendo no Rio de Janeiro e em Recife", diz Christian Conde, diretor de Tecnologia da Vidrotec. Mas o futuro nesta área, conta, é promissor. "Um setor que já deve fechar o ano com alta acima de 20% é o de blindagem arquitetônica, usada em guaritas e casas."