Na contramão da era hight tech e sua enxurrada de novos materiais lançados a cada dia para o mercado da decoração de interiores, a técnica milenar da tecelagem artesanal ou semi-artesanal – que surgiu no Egito antigo – ainda se mantém atual nos projetos contemporâneos. O princípio básico do entrelaçamento de fios ganha notoriedade e conquista espaço cada vez maior. Sua importância é assegurada também por ser um produto de origem ligada à questão social, histórica, de pesquisa e de tendências.
A diversidade de produtos fabricados com o tear traz opções para todos os gostos e estilos de decoração. Mantas, tapetes, xales, cortinas, almofadas, enfim, os itens que têm como matéria-prima o tecido se diversificam cada vez mais, assim como na tecnologia têxtil. "Couro, seda, lycra, sisal, chenile e, até mesmo, fibras de bananeira podem ser trabalhadas no tear atualmente. A tendência atual é procurar novas opções de materiais para serem utilizadas nas tramas, assim como técnicas de tingimento", explica o artesão Jerson Rodarte.
O tingimento é justamente um dos grandes detalhes das peças, tornando-as exclusivas e com um charme especial a partir do uso de tintas naturais extraídas de materiais orgânicos como casca de cebola, folhas de ervas, raízes, entre outros. "Cada peça torna-se única, porque assim como uma trama não é igual à outra, as cores produzidas naturalmente também são únicas", diz a artesã Zélia Scholz. A diversidade de materiais permite ainda que as peças produzidas tenham lugar garantido em qualquer estilo de decoração. "Do material mais rústico, como o algodão, ao mais sofisticado, como a seda, é possível produzir peças para ambientes descontraídos e sofisticados", ressalta Dorotéia Werner, da Tecelagem Artesanal Werner Scholz.
Origem do tear
Um dos primeiros registros de trabalhos no tear data do Antigo Egito, representado em pinturas. Os chamados "tear de Circe" e de "Penélope" aparecem em antigas pinturas gregas na época da Guerra de Tróia e demonstram que os equipamentos antigos já utilizavam estágios das técnicas empregadas pelas máquinas automáticas ou manuais de nossos dias. O cultivo de matéria-prima, porém, teve início posteriormente. A cultura do linho desenvolveu-se nas regiões costeiras da Suécia e, ao mesmo tempo, nas margens do Rio Nilo, no Egito Antigo. O algodão veio da Índia. Já a seda surgiu na China, na época do imperador Huang-ti, mil anos antes de Moisés. Estes dados são resultado do trabalho de pesquisa do artesão Rene Scholz, responsável pelo site www.pequenomuseudatecelagem.cjb.net
