O Tribunal de Contas da União (TCU) quer que ex-dirigentes do Banco do Brasil devolvam aos cofres do banco os prejuízos que a instituição teve com operações envolvendo a BB-DTVM, o braço do banco no mercado financeiro, no início do ano 2000. Em valores atualizados, a perda poderia chegar a R$ 430 milhões. Entre os nomes citados pelo Tribunal, estão os do atual presidente do BB, Rossano Maranhão, à época diretor da área internacional, e o ex-presidente da instituição Paolo Zaghen.
De acordo com o TCU, um dos fundos administrados pela BB-DTVM, o FIF TOP CP, teve prejuízos da ordem de R$ 120 milhões (valores da época) por conta da desvalorização cambial. Segundo o órgão, o fundo estava excessivamente vendido em dólar (apostando na manutenção do real valendo um dólar) e, quando o governo foi forçado a deixar o real desvalorizar, se consumaram as perdas. O TCU se baseou em matéria publicada no Estado em 20 de março de 2000. A decisão ainda não é final, pois os acusados têm o direito de apresentar suas justificativas ao TCU em um prazo de até 15 dias após receberem a notificação.
O prejuízo do fundo – que não pertence ao BB, nem à sua corretora, e tem, inclusive, um CNPJ separado -, segundo o TCU, foi coberto pelo BB de duas formas: uma por meio de operações com títulos públicos em que o BB tinha prejuízo e o fundo, lucro; a outra foi por meio do ressarcimento, cerca de dois meses depois, das perdas de nove fundos administrados pela BB-DTVM que, quando o prejuízo do FIF TOP CP se consumou, haviam compensado suas perdas. Na época, a perda total do BB foi de R$ 143,7 milhões, que atualizados se aproximariam de R$ 430 milhões.
O departamento jurídico do BB destacou que a decisão do TCU não é final e defendeu que as operações na época foram necessárias para evitar prejuízos maiores à instituição, por conta dos danos que as perdas do fundo poderiam causar à imagem do banco e de sua corretora no mercado. "O BB não poderia deixar o prejuízo com esse fundo", disse o advogado do banco, Pedro Machado.