A equipe de analistas da LCA Consultores elevou a sua projeção para a taxa de juros encerrando o ano de 17,50% para 17,75%. A decisão, conforme justificam os próprios analistas da consultoria, se deu diante do conservadorismo do Banco Central, que nesta quarta-feira, por meio de seu Comitê de Política Monetária (Copom), manteve a taxa básica de juros em 19,75% ao ano.
"A decisão cautelosa provavelmente reflete o desconforto da autoridade monetária com a persistência de alguns focos de incerteza nos ambientes internacional e doméstico", afirmam. Para eles, a ata do Copom, que será divulgada na próxima quinta-feira, destacará como fatores de risco o encarecimento do preço do petróleo, no cenário externo, e o nível ainda elevado da utilização de capacidade instalada na indústria.
Para a LCA, a ata e os demais documentos oficiais não deverão fazer menções ao conturbado quadro político, mas entende que ele pode ter efetivamente pesado na decisão conservadora do Copom nesta quarta-feira. "A decisão pode ter sido adotada seja pelo temor de repercussões adversas sobre o câmbio e a inflação em caso de agravamento adicional da situação, seja por receio de que parte do mercado interpretasse uma redução da Selic como injunção política."
"A postura conservadora do BC nos levou a revisar para cima a curva que projetamos para a Selic no decorrer deste 2º semestre. O corte que projetávamos para setembro foi revisto de 75 para 50 pontos. A LCA avalia que a retomada da redução da Selic no mês que vem será possível ante a trajetória bem-comportada da inflação e porque o investimento parece ter reagido de maneira significativa no segundo semestre, o que deve ficar claro na divulgação do PIB em 31 de agosto.
Os analistas da LCA afirmam ainda que, por enquanto, não avaliaram o impacto da revisão para cima da taxa de juros no encerramento do ano nas taxas de câmbio, inflação e crescimento econômico, bem como o cenário macroeconômico de 2006. Os impactos, segundo a consultoria, estão sendo avaliados e serão apresentados em breve.
