Informa o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – Dnit, que os problemas surgidos no último dia do ano passado na BR-376 (Curitiba-Joinville) deverão se arrastar ainda por uns trinta dias. Ou mais. As obras de reparo de um pequeno rebaixamento na pista ainda sequer começaram. Na verdade, diante do alegado desconhecimento do que de fato aconteceu no local, o órgão ainda está estudando o que fazer. Por certo, a atual temporada de férias terá que conviver com congestionamentos na estrada. Para milhões, infelizmente.

Quem por ali transitou no dia 31 de dezembro sabe o que isso significa. A estrada é desaguadouro de um volume considerável de tráfego pesado, que se junta ao tráfego normal na única ligação plausível com Florianópolis e com todo o Sul do País e, nesta época do ano, é acrescido do movimento em direção às praias. Do Paraná e de Santa Catarina. Qualquer problema ou pequeno acidente e a BR-376 vira um verdadeiro inferno. Exatamente por isso, o Dnit precisa ter mais agilidade em suas ações. É um despropósito ouvir-se de representantes do órgão, mais de uma semana depois da ocorrência de um pequeno rebaixamento, que (em ritmo de tartaruga) ainda está realizando estudos…

Na verdade, desde muito tempo antes do fechamento (e liquidação) do antigo DNER, esta tem sido a marca da autoridade rodoviária no País – um setor relegado ao pouco caso e completo desdém. Brutais congestionamentos causados por acidentes, deslizamentos ou coisas do gênero são tratados da mesma maneira que simples buracos que pululam dentro e fora da estrada, depressões na pista, falta de sinalização adequada e essa irresponsável fiscalização que permite aquaplanagem de todo tipo e em todos os lugares de nossas pistas sempre cheias de surpresas. Até mesmo nas pedagiadas, como acabamos de presenciar no trecho Curitiba-Londrina.

E pensar que isso acontece exatamente quando a arrecadação em multas e impostos (aí incluídas todas as taxas de vistoria, mais os pedágios e licenças) nunca pesou tanto no bolso dos contribuintes e usuários. Não bastasse isso, vem agora a autoridade do Denatran – Departamento Nacional de Trânsito com a proposta de reajuste, em todo o País, de 15% sobre os valores das multas de trânsito – das aplicadas diretamente pelos agentes do Estado ou por aquelas sobre as quais têm comissões as empresas fabricantes e/ou fornecedoras dos equipamentos eletrônicos que vigiam noite e dia os transeuntes. O aumento, para vigorar ainda este mês (e assim fugir das críticas inevitáveis às vésperas das eleições), teria como objetivo aumentar a arrecadação para… a realização de grandes obras. Mas quem sabe exatamente como e onde são aplicados os recursos provenientes das multas – essa indústria que funciona tão bem tanto nos centros urbanos como nas rodovias – de trânsito?

Em meio a esse quadro desolador, merece destaque a informação há pouco liberada pela assessoria do governo do Paraná, segundo a qual o governador Roberto Requião teria determinado o final da temporada de sucateamento de nossas estradas estaduais. De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem – DER, um levantamento apenas concluído dá conta de que 39% das estradas estaduais estavam, no final de 2002, em estado ruim ou péssimo. E que o processo de degradação vinha ocorrendo ao longo dos cinco anos anteriores, quando nada ou quase nada foi investido na manutenção de estradas. Ouvir que um governo tem programa para tapar buracos e aplainar picadas deveria ser rotina. Mas virou notícia ante uma realidade de geral desolação.

Espera-se que o governo federal pelo menos acompanhe o ritmo ensaiado pelo governo do Paraná. Estradas, num país sem trem, com preços do transporte aéreo nas alturas e sem navegação fluvial, são vitais para qualquer operação econômica, turística ou de qualquer outra natureza. É por isso que antigamente se dizia que governar é abrir estradas. Que pelo menos as já abertas fossem conservadas, e teríamos a sensação de continuar tendo governo.

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