Na entrevista em que fez um balanço da Operação Navalha, o ministro da Justiça, Tarso Genro, fez questão destacar que não há uma investigação específica da Polícia Federal sobre o Congresso. "Não há uma linha específica de investigação sobre o parlamento ou sobre parlamentares. O parlamento não está sob investigação. O que há é uma relação de indivíduos (alcançados pela Operação Navalha) e cabe agora à Procuradoria Geral da República (PGR) definir se é uma linha investigável ou não (no Supremo Tribunal Federal)." Segundo o ministro, a Polícia Federal continuará trabalhando "mas nada que desequilibre a relação entre poderes.
Disse que o objetivo da operação Navalha foi verificar as relações ilegais de empresários com gestores públicos mediante a ação de lobby. Segundo ele, a Polícia Federal tem mandado apenas para perseguir fatos e crimes e não faz avaliação de costumes. Ao comentar a existência de uma lista com o nome de mais de 100 parlamentares que teriam recebido "mimos" do empresário Zuleido Veras, dono da construtora Gautama, Tarso Genro lembrou que existe um teto para presentes a servidores públicos definido no código de ética do serviço público que corresponde a US$ 100.
Genro defendeu ainda mudança no critério das emendas de parlamentares ao Orçamento da União. Na sua opinião, essas emendas devem ter cumprimento obrigatório como forma de tirar o caráter negocial do parlamentar. O ministro criticou os vazamentos de notícias em relação à Operação Navalha e sobre os inquéritos que correm sob segredo de Justiça que beneficiaram uma emissora de televisão. "Não concordo com isso. Vou mandar abrir uma investigação", disse. Na sua opinião, o jornalismo é livre para apurar mas o agente público está preso a lei, o que significa, na sua avaliação, que um órgão de imprensa não poderia ser privilegiado com informações. "O que ocorreu foi uma ilegalidade e eu não vou permitir", disse.