Na entrevista que deu há pouco no Palácio do Planalto, o presidente do PT, Tarso
Genro, criticou a declaração feita ontem pelo ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, para quem as denúncias de que tucanos também teriam se beneficiado, em
Minas Gerais, do esquema de arrecadação de fundos montado pelo empresário Marcos
Valério podem desviar o foco das investigações sobre corrupção no governo Lula.
"A visão ‘foquista’ pode parecer um habeas-corpus preventivo no plano da
política. Não é correta", disse Tarso Genro.
Segundo as denúncias, em
1998 Valério teria destinado recursos para integrantes da coligação chefiada na
época pelo ex-governador de Minas, Eduardo Azeredo, que tentava a reeleição.
Azeredo é atualmente presidente nacional do PSDB. Segundo Tarso Genro, a
avaliação do ex-presidente pode dar a entender que não se quer examinar a
questão da corrupção sistêmica no Brasil. "Se é verdade que o PT não tem o
monopólio da virtude, também é verdade que a conduta que alguns militantes do PT
não inaugurou ( (a prática de) irregularidades e ilegalidades no País", disse
Genro. Ele ponderou, no entanto, que não se pode prejulgar nem o PT nem o PSDB.