O ex-ministro da Educação Tarso Genro vai voltar para o governo. Ele deve assumir a Secretaria de Relações Institucionais no lugar de Jaques Wagner, que deixará o cargo para concorrer ao governo da Bahia pelo PT. Tarso conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem que fez ao Nordeste, nesta semana.
"O presidente Lula me pediu que não concorresse a nenhum cargo nessas eleições porque precisará de mim para compor o ministério", afirmou ele. Cauteloso, Tarso não revelou, porém, qual pasta irá ocupar. "Isso depende do presidente", despistou. O titular da Secretaria de Relações Políticas é, na prática, o coordenador político do governo, que cuida do relacionamento entre o Palácio do Planalto e o Congresso.
Wagner disse que o PT da Bahia já o escalou para enfrentar o governador Paulo Souto (PFL), candidato à reeleição no Estado. "Mas o presidente sabe que pode contar comigo em qualquer situação", insistiu. Pela Lei Eleitoral, ocupantes de cargos públicos que vão disputar as eleições de outubro devem deixar os postos até o dia 31 de março.
Lula já começou a conversar com os ministros, para fazer a triagem de quem sai e quem entra. O presidente insiste em dizer que não fará uma reforma ministerial, mas apenas "substituições" na equipe, obrigado pelo calendário eleitoral. Na maioria dos casos, a solução será caseira: o secretário executivo – a segunda pessoa com mais poder no ministério – assumirá o cargo do antigo titular.
A tendência é que de 7 a 9 ministros saiam do governo em março. Além de Wagner, estão na lista Alfredo Nascimento (Transportes), Saraiva Felipe (Saúde), José Alencar (Defesa), Ciro Gomes (Integração Nacional), Hélio Costa (Comunicações), Paulo Bernardo (Planejamento), José Fritsch (Pesca) e Marina Silva (Meio Ambiente). O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, deve ficar onde está. Depois de muitas sondagens, Lula tem avaliado, em conversas reservadas, que a mexida poderia implicar risco para a economia. Por enquanto, não pretende puxá-lo para a coordenação da campanha.
Na outra ponta, se o PMDB tiver mesmo candidato próprio à Presidência, Ciro Gomes, do PSB, tem chance de ser o vice de Lula. Questionado se esse seria o seu desejo, Ciro desconversou: "Você acha que eu sou bobo de responder a essa pergunta?"
Salto alto
Na tarde de hoje (23), o governador do Acre Jorge Viana (PT), esteve com Lula, no Palácio do Planalto. Negou que vá ocupar um ministério – seu nome foi cotado para a cadeira de Wagner – , mas disse que pretende colaborar na campanha de Lula à reeleição. "Nós só não podemos ficar de salto alto por causa das pesquisas", insistiu Viana, numa referência aos levantamentos que indicam a recuperação da popularidade do presidente. "O jogo nem começou."
A opinião é compartilhada por Tarso Genro. Antigo teórico do PT e formulador de programas de governo, ele deixou o Ministério da Educação em julho do ano passado para socorrer o PT, então acossado pelo escândalo do ‘mensalão’. Por ordem de Lula, substituiu o então presidente do partido, José Genoino, que renunciou em meio ao turbilhão de denúncias.
Um mês depois, porém, Tarso se desentendeu com o então deputado José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil que acabou cassado, e desistiu de concorrer à eleição direta, entre filiados petistas, para a presidência do partido. Resultado: ficou sem ministério e sem cargo no PT.
Antes de ser ministro da Educação, Tarso comandou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, para o qual deverá voltar agora. Motivo: o Conselhão, como é conhecido, foi incorporado à Secretaria de Assuntos Institucionais há menos de um ano.
Nos últimos dias, Tarso teve o nome envolvido em outra polêmica. Laudo da Polícia Civil do Distrito Federal atestou que era falsa a assinatura dele na representação enviada pelo PT ao Conselho de Ética, pedindo a cassação do deputado Ônyx Lorenzoni (PFL-RS). Foi o terceiro laudo com essa conclusão.
"Eu não estou sendo acusado de nada. Quero que a Polícia abra inquérito para ver quem falsificou a minha assinatura", afirmou o futuro ministro. O PT pediu a cassação de Lorenzoni, no ano passado, sob o argumento de que ele divulgou dados sigilosos de Dirceu. "Eu era presidente do PT à época e, logicamente, não iria adulterar minha própria assinatura", disse Tarso. "Então, eu pergunto: a quem interessa essa falsificação?"
