Uma reunião hoje entre representantes da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso, Polícia Federal e Ministérios Públicos Estadual e Federal em Cuiabá não definiu de quem será a competência das investigações sobre a queda do Boeing da Gol na sexta-feira passada. Assim, tanto a Polícia Civil como a Federal vão continuar as investigações em conjunto.
Segundo o secretário de Justiça e Segurança Pública, Célio Wilson de Oliveira, embora as investigações apontem para um crime da esfera federal, quem vai definir a competência das investigações é o juiz da Comarca de Peixoto de Azevedo, Tiago Nogueira de Abreu, pois o acidente aconteceu em sua circunscrição. Oliveira lembrou que o inquérito instaurado pela Polícia Civil está vinculado àquela Comarca.
"Enquanto isso, tanto a Polícia Civil de Mato Grosso como a Polícia Federal vão continuar as investigações. Até que o juiz determine em qualquer momento das investigações quem vai continuar nos trabalhos", explicou. Oliveira acrescentou que, a partir de agora, uma cópia das investigações realizada pela Polícia Civil será entregue para a Polícia Federal.
Os trabalhos estavam a cargo da Gerência de Repressão a Seqüestro e Investigações Especiais (Gresie) da Polícia, mas um pedido da Procuradoria da República levou a PF a instaurar um inquérito. O delegado Renato Sayão, designado para responder pelo caso, informou que pedirá novos depoimentos do piloto e do co-piloto do avião Legacy.
O secretário, que é promotor de Justiça, explicou que as investigações podem chegar a um único crime, previsto no artigo 261 do Código Penal – comportamento de alguém que leve a acidente com vítima. Esse crime é de competência federal. A afirmação contraria a expectativa inicial de que os responsáveis poderiam ser indiciados por homicídio culposo – não intencional, um crime da esfera estadual.
Ele explicou que é prematuro dizer que existem responsáveis pelo acidente, mas revelou que duas questões estão sendo investigadas – o choque de duas aeronaves na mesma altitude e os dois sistema anticolisão nas dois aviões. "As respostas para essas duas indagações terão que aparecer. Só assim poderemos saber se houve responsabilidade de alguém. Esse alguém pode ser o piloto, alguém em terra ou mesmo um defeito mecânico", assegurou.
O delegado federal Renato Sayão disse que a partir de segunda-feira irá ouvir os controladores de vôo em Brasília que estavam de serviço no momento do acidente. Ele solicitará a renovação da apreensão dos passaportes dos dois pilotos do Legacy. Somente após a chegada do laudo da perícia técnica realizada pela aeronáutica é que poderá solicitar novos depoimentos dos pilotos.
O delegado da Polícia Civil de Mato Grosso Luciano Inácio revelou que três testemunhas, funcionários de uma fazenda próxima, descreveram a queda do avião. Eles compararam a queda com um movimento de uma folha caindo que fez um bico e caiu de vez ao chão.