Para tentar amenizar a espera dos passageiros nos aeroportos, a TAM decidiu pedir o auxílio das demais companhias aéreas. Desde a madrugada de ontem (23), seis aviões da BRA decolaram de Cumbica (SP) e do Galeão (RJ) levando, ao todo, cerca de 1.800 passageiros para o Nordeste. A Varig também socorreu a concorrente, fazendo vôos entre Congonhas e Fortaleza e no trecho Guarulhos-Salvador-Fortaleza.
Em nota, a companhia informou que atendeu a um pedido da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e já havia transportado 2 mil passageiros da TAM desde sexta-feira. O curioso é que os vôos de apoio contemplam também destinos que não estão sendo mais operados pela Varig, como Goiânia, Uberlândia, Natal e João Pessoa. A Ocean Air também colocou uma de suas aeronaves para operar em Congonhas. Em Brasília, a Rico Linhas Aéreas cedeu aviões para atender os vôos com destino a Maceió.
No fim da tarde, a TAM anunciou a extensão da suspensão de vendas de bilhetes até segunda-feira. Na sexta-feira, no auge da crise, a Anac solicitou à direção da empresa que interrompesse a comercialização pelo menos até hoje. Mas, como a situação se agravou ainda mais ontem, a companhia decidiu prorrogar a medida.
Embora desta vez tenha ocorrido uma transferência de passageiros acima do normal, esse intercâmbio é prática comum entre as empresas. Para acelerar o procedimento, o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) possui uma câmara de compensação, onde se faz o controle financeiro de cada um dos endossos.
O diretor de Relações Institucionais da TAM, Paulo Castello Branco, disse que a empresa não praticou overbooking (venda de passagens acima do número de assentos disponíveis). Ontem, a Anac declarou que, na próxima semana, vai fiscalizar os sistemas de reserva de todas as companhias.
Castello Branco atribuiu os problemas enfrentados pela companhia nos últimos dias a uma ?conjunção de fatores?, destacando o fato de seis aviões terem sido retirados de operação nesta semana para manutenção corretiva, não programada pela empresa. À noite, a TAM divulgou comunicado em que reitera os motivos que levaram à crise. Pela primeira vez desde a série de atrasos, atribuiu parte da culpa ao sistema de controle do espaço aéreo, o que foi prontamente rebatido por oficiais da Aeronáutica. ?Está tudo normal com o controle de tráfego aéreo. Os atrasos são culpa de dificuldades de logística da TAM?, afirmou um militar da FAB.
O diretor da companhia ressaltou que o atraso médio já havia diminuído de quatro para duas horas e assegurou que ?no decorrer do dia de amanhã (hoje), os problemas estarão solucionados?. Ontem, os 95 aviões da companhia estavam operando em rotas nacionais, inclusive os seis que apresentaram falhas. Castello Branco declarou que os passageiros que voaram em aviões da FAB, em vez de embarcar nas aeronaves da TAM, serão ressarcidos, recebendo o valor da passagem de volta. Os que viajaram em outras companhias, porém, não serão reembolsados, pois voaram em ?empresas congêneres?.