Como todos sabem, a CBF aprovou nesta semana a proposta do Clube dos Treze – entidade representativa da cartolagem da chamada “elite” do futebol tupiniquim – para o campeonato brasileiro de 2003. De acordo com a fórmula aprovada, os 24 clubes jogarão entre si em turno e returno e o campeão será definido por pontos corridos, ao estilo europeu. A decisão foi apertada, por apenas dois votos de diferença, o que mostra que esse modelo de campeonato está longe de ser uma unanimidade.
Dos cinco clubes de maior torcida (Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco), somente o São Paulo – que teria sido campeão este ano, se o certame já fosse por pontos corridos – apoiou a proposta vencedora. Os outros, também favoráveis aos dois turnos na primeira fase, defendiam a disputa de quartas-de-final ou semifinais no atual sistema mata-mata.
Faltou alguém sugerir um meio-termo. Que tal uma final entre os campeões do primeiro e do segundo turno, como no campeonato estadual do Rio? A exemplo da Taça Guanabara e da Taça Rio, poderíamos ter a Taça Pindorama (primeiro turno) e a Taça Brasil (segundo turno). O finalista que tivesse a melhor campanha na competição poderia chegar com um ponto extra na decisão ou então ter a vantagem de precisar apenas de um empate na soma dos resultados para conquistar o título. Se o mesmo time vencesse os dois turnos, não haveria final.
Os defensores do sistema de pontos corridos argumentam que esse formato é o mais justo, pois premia o clube com o melhor desempenho na competição. Por outro lado, os fãs do mata-mata lembram que a definição do campeão por pontos corridos pode tirar a emoção do campeonato. O título pode ser conquistado por antecipação numa partida de meio de semana faltando três rodadas para o fim da competição, por exemplo. Isso esvaziaria os últimos jogos, que seriam apenas para cumprir tabela. Sem falar nas prováveis dúvidas sobre a lisura dos resultados das partidas que definiriam o vice ou os rebaixados. Se não fosse o mata-mata, o Peixe, de Robinho e Diego, cujo futebol nos encantou no Brasileirão deste ano, não teria saído do jejum de quase duas décadas sem títulos importantes. E, em 2001, o Furacão teria sido vice do Azulão.
Já a decisão entre os campeões do primeiro e do segundo turno reuniria as duas melhores equipes da competição, sem abrir mão da emoção de uma final. Foi nesse sistema, por exemplo, que o Flamengo conquistou o tri em 1999, 2000 e 2001, sempre em cima do Vasco. (Por que será que eu defendo essa fórmula?)
Enfim, é impossível chegar a um consenso, pois cada fórmula tem seus prós e contras. O mais importante é que as regras sejam mantidas ao longo da temporada, sem viradas de mesa, e que as arbitragens não comprometam os resultados. É fundamental resgatar a credibilidade do futebol campeão do mundo.
Ari Silveira é chefe de Reportagem de O Estado