O melancólico fim da CPMI do Mensalão, encerrada por decurso de prazo resultante de proposital ?cera? de envolvidos e principalmente de situacionistas, que não permitiram a prorrogação do prazo para a conclusão de seus trabalhos, deixou na nação uma imensa frustração. Essa CPMI, como as demais, foi engrossando com investigações de outra natureza e passou a não ser do agrado nem mesmo de quem provocou a sua criação: os governistas.

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Ficou provado que, mesmo sem a freqüência mensal (mensalão), dinheiros foram distribuídos a parlamentares. Se alguns puseram todo o seu quinhão ou apenas parte no bolso, ninguém sabe. Mas se sabe, porque confessado, que grandes quantias serviram para pagar imoral e ilegalmente campanhas políticas através da formação de caixa 2. Esse dinheiro, de fontes várias e sempre inconfessáveis, sustentou um pleito que levou Lula e os seus, inclusive aliados, ao poder. Esses aliados foram quase sempre comprados e não convencidos.

Esse processo escuso tornou os últimos pleitos ilegítimos e ilegítimos os mandatos neles conquistados. A nação esperava, por isso, que punições ocorressem com o término da CPMI de forma conclusiva. Se o instituto da prescrição salvou mandatos, pelo menos poderia ter ficado clara a lista dos aproveitadores. Daqueles que se empoleiraram em mandatos parlamentares e, por terem sido desonestamente conquistados, não merecem a reeleição. Mas o melancólico e extemporâneo término dos trabalhos da comissão só permitiu ao relator, o deputado mineiro e ex-ministro da Justiça Ibrahim Abi-Akel, um relatório em que nomes não são listados, embora as irregularidades sejam admitidas porque comprovadas. Mas – e isto é estarrecedor – formalidades levam a duvidar-se até da legitimidade do relatório, que teria sido lido extemporaneamente.

O povo continua esperando satisfações e estas, em parte, parece que resultarão do trabalho da CPMI dos Correios, relatada pelo deputado paranaense Osmar Serraglio (PMDB). Ele tem revelado coragem e destemor nas investigações e acaba de anunciar que vai propor o indiciamento de mais de cinqüenta pessoas, entre elas o ex-ministro José Dirceu, o ex-ministro Luiz Gushiken, atualmente chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência, e o ex-presidente do PT, José Genoino. Os nomes serão sugeridos ao Ministério Público, que decidirá se acata ou não as indicações. Se acatar, abrirá processos contra eles.

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O relator adjunto da comissão, deputado Eduardo Paes, acha que a previsão de ?mais de cinqüenta indiciados não é uma especulação absurda?, tendo em vista ?ser tão amplo e tantas as verdades já apuradas?.

O papel desta CPMI e de Serraglio pode significar uma tábua de salvação para a desprezada moralidade na vida pública brasileira. A impunidade, até agora, tem sido tão ampla que muitos dos acusados já tratam, com a maior cara de pau, de suas reeleições. Olham o povo, os eleitores, como se fossem um bando de trouxas que foi tapeado muitas vezes e poderá continuar sendo tapeado, pois o poder tem poderes que mofam dos interesses legítimos da nação que quer um país que um dia seja reconhecido como sério.

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