O presidente da nação mais poderosa do globo levou uma surra eleitoral na última terça-feira, quando os eleitores foram às urnas para escolher senadores, deputados federais e governadores. Como se esperava, o Partido Democrata deu um banho nos republicanos de George W. Bush, assumindo pela primeira vez nos últimos 12 anos a maioria na Câmara dos Representantes, encostando no Senado, além de eleger o maior número de governadores estaduais.
A primeira baixa na Casa Branca foi marcada pelo pedido de exoneração apresentado pelo secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, principal responsável pelas decisões tomadas em relação à guerra do Iraque, o argumento mais pesado na campanha dos democratas.
Aliás, a carga de antipatia da sociedade ao presidente Bush, ao que parece, algo sem paralelo na história recente do país, avolumou-se sobremaneira após a reeleição, diante da leniência do presidente quanto à retirada das tropas americanas do território iraquiano, onde mais de 2,6 mil soldados foram mortos.
Mesmo que o cargo de Bush não estivesse em disputa, quem mais perdeu foi ele, porquanto a manifestação dos eleitores passa a ter claro tom de antecipação do que poderá suceder em 2008, quando o futuro presidente dos Estados Unidos for escolhido. A única hipótese aceita para a vitória de um republicano seria a candidatura do governador reeleito na Califórnia, com larga margem de vantagem sobre o oponente, Arnold Schwarzenegger, que se afastou de Bush por divergências flagrantes de opinião quanto à política de combate ao efeito estufa.
Bush foi atingido em cheio pelos estilhaços tardios de sua política externa, principalmente para o Golfo Pérsico, mas também colheu muitos espinhos no plano doméstico com agravos explícitos à ética, manifestações de arrogância e evidente incompetência no ordenamento dos gastos governamentais nos sistemas de saúde e aposentadoria, calcanhar-de-aquiles de qualquer presidente norte-americano.
A princípio, Bush deverá sentir o impacto do poder fiscalizador do Congresso de maioria democrata, pela exigência de decisões objetivas quanto ao Iraque e severa vigilância sobre gastos excessivos.