O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse nesta terça-feira (12), em discurso da tribuna do Senado, que não se surpreenderia se o presidente Lula convidasse o deputado Delfim Neto (PMDB-SP) para sua equipe. "Para colaborar, por exemplo, no Banco Central, porque, dada a sua experiência e aquilo que tem refletido, penso que ele poderia trazer uma contribuição positiva", alegou Suplicy. Delfim tem sido um dos críticos mais ácidos da cautela do BC na condução da política de juros.
De acordo com o senador, Delfim – que foi ministro duas vezes durante o regime militar – tem hoje uma "visão crítica" do ocorreu durante aqueles anos. "Obviamente, no âmbito de um governo como o do presidente Lula, que é um amante da democracia jamais estaria Delfim Neto considerando sugerir medidas que não fossem de pleno respeito às formas democráticas", defendeu.
Para o senador, a morte do ex-ditador do Chile Augusto Pinochet é "um momento de reflexão" contra qualquer tentativa de retrocesso na América Latina. "Só quero dizer que avalio que as reflexões de Delfim Neto junto ao Copom seriam adequadas e interessantes, porque é necessário que ali as pessoas venham a refletir com maior profundidade sobre os efeitos da taxa de juros, da taxa de câmbio para melhorar a política monetária e econômica", insistiu.
Sobre as afirmações de Lula relacionando ideologia e idade, Suplicy disse que a intenção do presidente a de dizer que se sente agora mais amadurecido para ter um diálogo construtivo com uma pessoa de quem se tornou amigo, como Delfim. O senador lembrou que, em algumas oportunidade, Lula expressou a vontade e a disposição de aproveitar o deputado em seu governo. O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) entendeu as palavras do colega como "uma preparação para que a nação aceite, sem traumas, a presença de Delfim Neto no governo renovador de Lula".
Em aparte, senadores criticaram Lula por atingir o arquiteto Oscar Niemeyer – que vai completar 100 anos – com a declaração de que "uma pessoa muito idosa esquerdista é porque tem problemas". No entender do senador Almeida Lima (PMDB-SE), foram tristes as palavras do presidente, "de quem passou a vida ou viu a vida passar sem convicções". "Temos aí um cidadão com quase 100 anos com as mesmas convicções da juventude", afirmou, referindo-se a Niemeyer. "Não entendi, porque Niemeyer é o maior símbolo de inteligência e de maturidade e ele é da esquerda", completou o senador Mão Santa (PMDB-PI), endossando a crítica ao petista.