O senador Eduardo Suplicy comemorou hoje a decisão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado de aprovar a proposta de emenda constitucional que põe fim à reeleição a partir de 2010. Apesar de não ter participado da votação em função de encontro agendado com o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, Suplicy afirmou que a medida mostra que há um sentimento em todos os partidos de que as desvantagens da reeleição são maiores que as vantagens oferecidas pelo sistema.
"Nós do PT sempre nos posicionamos contra a reeleição", disse Suplicy, reconhecendo, no entanto, que este é um direito adquirido pelos candidatos que disputam um novo mandato no mesmo cargo nas eleições deste ano. Lembrando que a aprovação da medida ocorreu por unanimidade, Suplicy acrescentou que a aprovação "serve de alerta de que, no Senado Federal, muitos avaliam hoje que quem está no governo federal tem um poder muito grande do uso da máquina".
Ao comentar a decisão de hoje, Suplicy lembrou que sempre foi contrário à reeleição e que, desde 1997, se apóia em teorias de Alexis de Tocqueville, que aponta em sua obra que os problemas decorrentes da reeleição ultrapassam as vantagens oferecidas pelo sistema. "Fiz uma série de pronunciamentos sobre esse assunto", disse o senador, apontando que tentou propor argumentos contrários à reeleição ao então presidente Fernando Henrique Cardoso. "Infelizmente eu não consegui convencer o presidente Fernando Henrique de que a reeleição não era boa.
Debates – Suplicy disse hoje que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria concordar em participar de debates nos meios de comunicação, de forma a equilibrar as condições de disputa com candidatos que não possuem a vantagem de ocupar a presidência. "Minha posição é de que o presidente deve aceitar participar em pé de igualdade dos debates nos meios de comunicação", disse Suplicy, lembrando que até agora não se sabe ao certo se Lula aceitará ou não o convite de redes de televisão para discutir suas propostas com os adversários.
Na avaliação de Suplicy, o presidente Lula "tem procurado agir de acordo com os limites colocados pela lei eleitoral" em sua campanha à reeleição. Ele insistiu, por outro lado, que o simples fato de ele ocupar a presidência lhe traz vantagens competitivas na eleição. "Cada gesto de um presidente é naturalmente objeto de atenção da mídia e da opinião pública", acrescentou.
Na avaliação do senador, a disposição de Lula em participar dos debates também seria uma forma de "dar o exemplo" ao ex-prefeito de São Paulo, José Serra, que vem sendo acusado em diversas ocasiões pelo senador Aloizio Mercadante de fugir do debate na disputa pelo governo paulista.
