O público brasileiro não terá os bicampeões mundiais no campeonato nacional. A Superliga de Vôlei começa neste sábado, com 15 times no torneio masculino e apenas um jogador da seleção bicampeã no Japão, o reserva Samuel, no Minas Tênis. Giba, Dante Gustavo, Ricardinho, por exemplo, vão jogar na Itália. Já a Superliga Feminina, com 8 equipes, terá a maioria das vice-campeãs mundiais, concentradas principalmente no Finasa/Osasco, de Paula Pequeno e Carol Gattaz, e Rexona-Ades, de Fabi, Fabiana, Sassá, Renatinha e Bernardinho.
"Sem estrelas, o nível técnico fica equilibrado. Tem a Cimed, o Minas e eu não quero ficar fora desse pelotão", afirmou o bicampeão olímpico Giovane, gerente da Unisul/Nexxera. "Não adianta lutar contra o mercado europeu. Conseguimos repatriar o Henrique, da Itália, o Dirceu, da Rússia, e o Leandro, da Grécia." Com orçamentos de R$ 2,5 milhões por temporada, os times de ponta ainda não têm como trazer os ídolos da seleção. "A Unisul tem futsal e onde vai o Falcão o público vai. Imaginou se tivéssemos o Giba?"
Longe do País, as estrelas da seleção admitem que a Superliga sofre com queda de nível técnico, falta de TV aberta e ginásios vazios. "A seleção tem excelentes resultados, mas o nível técnico da Superliga caiu pelo fato de os jogadores estarem fora. A única vantagem é aparecerem novos jogadores", analisa o líbero Escadinha, que atua no Piacenza, da Itália. "O Brasil poderia ter o melhor campeonato do mundo, mas temos de ficar na Itália, não há outro jeito." Jorge Assef, empresário de quase todos os campeões, afirma que a questão é econômica. "O jogador é um profissional. Por que o Giba aceitaria jogar pela metade do que recebe na Itália?"
A esperança de técnicos, atletas e dirigentes de fortalecer o vôlei internamente está nos resultados das seleções e na aprovação da Lei de Incentivo Fiscal. "Nosso referencial, como no futebol, é do melhor vôlei do mundo. Somos exigentes, sei que faz falta a presença do craque", afirma Montanaro, gerente do Banespa/São Bernardo. "O que falta é sermos mais fortes internamente.
"A CBV poderia ao menos auxiliar os clubes que investem nas categorias de base", diz Giovane. A Superliga tem orçamento de R$ 2 milhões.