O Superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), Eduardo Requião, condenou o fato de os tripulantes do navio Vicuña, que explodiu no píer de inflamáveis no início desta semana, estarem proibidos de dar informações à imprensa. "Esta é uma clara evidência de proteção à seguradora internacional, que já tem duas pendências com o porto e é reincidente em não cumprir com seus compromissos junto à administração portuária", disse.
Eduardo Requião afirmou ainda que os responsáveis pelo navio, o armador, representado pela empresa Wilson Sons, e a seguradora internacional P&I Club, criada a partir de uma espécie de clube dos armadores internacionais, não estão cumprindo com suas responsabilidades, abstendo-se de assumir os danos causados ao meio ambiente e à população.
Para o superintendente da APPA, o "silêncio" dos tripulantes transforma o desastre ambiental em um crime. "É um desrespeito o que o armador e a seguradora estão fazendo com o meio ambiente, com a população e com o Porto de Paranaguá, um dos mais importantes e com o maior terminal público para embarque de granéis sólidos do mundo", destacou.
O primeiro caso envolvendo a P&I aconteceu em maio de 2002, quando o navio "Bunga Saga Satu" bateu no berço 213, comprometendo a estrutura e a operação do local. No ano passado, o pier externo, utilizado pela Petrobras, teve sua estrutura comprometida depois que os navios Podravina e Respect bateram nos berços de atracação.
Tanto em um caso como no outro a P&I era a seguradora dos navios e a situação ainda está em processo judicial. Por esta razão, a APPA já arcou com um prejuízo de mais de R$ 413 mil para recuperar o berço público danificado e a Petrobrás assumiu o pagamento de mais de R$ 1 milhão para melhorias no seu pier.