Brasília – Pela primeira vez desde julho de 2001, a seqüência de superávits comerciais mensais crescentes foi interrompida em abril graças ao forte incremento das importações no mês. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o saldo comercial em abril foi de US$ 3,097 bilhões, US$ 870 milhões a menos que em abril do ano passado. Com isso, o resultado em 12 meses, encerrados em abril, ficou em US$ 45,011 bilhões, também registrando uma queda em relação ao acumulado dos últimos 12 meses encerrados em março (US$ 45,799 bilhões).

continua após a publicidade

"É a primeira vez que acontece desde que o Brasil começou a trajetória de crescimento das exportações", afirmou o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat. Embora o saldo comercial tenha caído, a média diária das exportações e das importações voltou a bater recorde histórico em abril. As vendas externas totalizaram US$ 9,804 bilhões, com média diária de US$ 544,7 milhões e as importações somaram US$ 6 707 bilhões, com média diária de US$ 372,6 milhões.

Para Meziat, os números confirmam a previsão para este ano de um crescimento mais intenso para as importações. Pela média diária, as exportações cresceram 18,4% em abril e as importações subiram 39,8% em relação a abril de 2005. "Possivelmente estamos indo na direção de superávits menores", disse o secretário. "Um saldo na faixa dos US$ 40 bilhões está muito bom", completou, referindo-se ao valor projetado pelos analistas de mercado. No ano passado, a balança comercial brasileira foi superavitária em mais de US$ 44 bilhões. O governo evita fazer projeções de saldo comercial mas trabalha com a meta de US$ 132 bilhões para as exportações este ano, 12% a mais do que em 2005.

Meziat afirmou que o crescimento das importações não preocupa o governo. "É a melhor coisa que pode acontecer no momento para o Brasil", disse. Segundo ele, as compras internacionais estimulam a concorrência e ajudam a equilibrar a entrada de dólares oriundos das exportações, tirando um pouco da pressão para que a taxa de câmbio fique ainda mais valorizada. Além disso, o secretário acredita que as exportações continuarão mostrando vigor e devem repetir em maio média diária acima dos US$ 500 milhões. "Em abril foi a primeira vez da história que a média diária das exportações ficou acima dos US$ 500 milhões em todas as semanas do mês. Isso mostra uma consistência no crescimento das exportações", argumentou.

continua após a publicidade

Os embarques de produtos manufaturados também foram recordes históricos, puxados pelas vendas de gasolina, óleo combustíveis e aviões. Do lado das importações, destaque para as compras de combustíveis e lubrificantes que cresceram 91,1% em relação a abril de 2005, como reflexo principalmente da cotação internacional do petróleo. Os bens de consumo importados aumentaram 52,4%, sobretudo bens duráveis como automóveis. As importações de bens de capital subiram 39,3% e de matérias-primas, US$ 25,1%. No acumulado dos últimos 12 meses, encerrados em abril, as exportações e as importações atingiram cifras inéditas.

As vendas externas somaram US$ 123,846 bilhões. "Faltando, portanto, apenas US$ 8 bilhões para atingirmos a nossa previsão (para este ano) de US$ 132 bilhões. O que mostra que tem grande possibilidade de ser atingida", destacou o secretário. As importações em 12 meses totalizaram US$ 78,835 bilhões.

continua após a publicidade