No esforço de melhorar a renda dos agricultores familiares da região Centro-Sul do Paraná, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), através da Emater-PR, desenvolve o Promisul, Programa de Milho-Suíno para o Centro-Sul. Com a parceria entre a Emater e prefeituras, o Programa envolve técnicos do Sistema Estadual de Agricultura e 140 agricultores familiares que cultivam milho.
O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Orlando Pessuti, disse que, além de melhorar a renda dos produtores, a iniciativa possibilita agregar maior valor à produção agrícola. ?Com isso, podemos causar impacto positivo na economia da região. É possível aumentar o lucro de quem produz, valorizar as propriedades rurais e gerar mais recursos na região?, disse.
Para participar do programa, o produtor precisa ser agricultor familiar e produzir 400 a 800 sacas de milho por ano. E, segundo o coordenador do Promisul, Remi José Sterzelecki, a novidade permite ?transformar? 400 sacos de milho em 120 suínos. ?Isto porque esta quantidade de milho é suficiente para alimentar 120 animais por ano?, afirmou.
Com a ?transformação? do grão de milho em carne de suíno, os produtores da região tendem a não vender mais o milho no mercado. A produção é usada exclusivamente para alimentar os animais, juntamente com o farelo de soja, minerais e vitaminas.
Os produtores iniciam a participação no programa com animais de 22 kg, que para chegar aos 100 kg (peso ideal) precisam consumir três sacos de milho, de 60 kg cada. A agregação de valor é facilmente comprovada. Atualmente, três sacos de milho são vendidos a R$ 45,00, enquanto que o animal, alimentado com a mesma quantidade do produto, é comercializado a R$ 210,00.
As tentativas de desenvolver a suinocultura no Centro-Sul tiveram início em 1997 no município de Rio Bonito do Iguaçu. Sterzeleck lembra que, entre 2002 e 2003, durante a crise que atingiu o setor, os produtores ficaram inseguros e ?sentiram a necessidade não apenas de se organizar para a produção de suínos, como também, de se preparar para o abastecimento e a industrialização?, lembrou.
Abastecimento
Para Sterzeleck, a municipalização do abastecimento está na pauta das discussões. ?Primeiro, é preciso priorizar o abastecimento local. O excedente da produção é que deverá atender os grandes mercados da região e de fora?, afirmou.
Ele acredita que os abatedouros municipais estimulam os negócios no município, dificultam o abate clandestino e, com isso, garantem um carne de qualidade aos consumidores.
?Nosso objetivo é, a médio e longo prazo, integrar toda a cadeia produtiva de suíno no município. Num primeiro momento, estamos voltados para a produção da carne. Depois, vamos enfocar o abastecimento e a industrialização?, disse.
Recursos
Entre os desafios dos profissionais envolvidos no programa, está a criação de um fundo de estabilização para o segmento. ?Os agricultores familiares precisam ter a garantia de uma renda mínima nos momentos de preços baixos, quando o mercado está desfavorável?, destacou.
Para os investimentos necessários à atividade, os produtores de milho recorrem aos recursos do Pronaf C. São R$ 3 mil para a estrutura de produção nas propriedades. A mesma quantia é usada como capital de giro para a compra dos leitões e dos ingredientes usados na alimentação dos animais.
Além dos recursos do Pronaf, o produtor precisa ter condições de investir com recursos próprios. Nos municípios onde não há oferta de leitões, o fundo da prefeitura facilitaria a compra dos animais. ?Mas o ideal é que os produtores se organizem, através de condomínio e cooperativa, para produzir os leitões no município?, afirmou.
Sustentabilidade
Para o coordenador do Promisul, o papel da Emater é apontar caminhos, mostrar possibilidades e disponibilizar informações aos produtores interessados em ter maior renda com a transformação do milho em suíno. ?Além de permitir maiores ganhos, a suinocultura vai ajudar na melhoria da produtividade da área onde se produz milho. Isto é possível com o uso dos dejetos dos suínos?.
Sterzeleck acredita que a iniciativa permite uma sustentabilidade econômica sem prejudicar o meio-ambiente. Através do programa, seriam atendidas questões sociais, econômicas e ambientais dos municípios.
São sete os municípios da região Centro-Sul do Estado, considerada uma das regiões paranaenses com menor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), que participam do programa. O engenheiro agrônomo da Emater-Pr, Pedro Tadeu Almeida Siloto, disse que nos sete municípios, há o potencial de se trabalhar com 70 produtores. ?Pelo menos um grupo de 10 agricultores familiares por município. Eles deverão produzir 100 suínos por mês. O que equivale a uma carga completa?.
Os municípios são: Pitanga, com IDHM de 0,743 (187 ª posição entre os 399 municípios do Paraná); Rosário do Ivaí, com IDHM de 0,664 (244ª posição); Manoel Ribas, com 0,729 (244ª); Boa Ventura de São Roque, com 0,711 (301ª); Mato Rico, com 0,640 (397ª); Santa Maria do Oeste, com 0,662 (392ª); e Cândido de Abreu, com índice de 0,666 (389ª). Quanto à renda percapita mensal verificada nestes municípios, em Santa Maria do Oeste, por exemplo, é de R$ 99,21. Os dados são do IBGE/2000.