Sucessão de Severino tira reforma eleitoral da pauta da Câmara

Brasília (AE) – A crise que precipitou a sucessão na Câmara tirou a reforma eleitoral da pauta do Congresso, mas o tema já está de volta à agenda política, no topo da lista de prioridades de todos os candidatos à sucessão do presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE). Cotados para substituir o pepista, líderes e presidentes de partidos aliados e de oposição ao governo apostam, agora, na aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que prorroga de 30 de setembro para dezembro o prazo de definição das regras eleitorais das eleições de 2006.

"Se depender do presidente do PMDB, esticaremos esse prazo até dezembro para que possamos fazer a reforma política", diz o deputado Michel Temer (SP), certo de que a grande maioria do partido que preside apoiará a idéia. Temer recusa-se a assumir sua candidatura antes de a cadeira de presidente da Câmara ficar vaga, mas aposta desde já que duas PECs entrarão em pauta imediatamente após a sucessão, seja o eleito quem for: a que dilata os prazos trata das regras eleitorais e a que derruba a verticalização, desobrigando os partidos de reproduzir nos Estados a aliança nacional criada para eleger o presidente da República.

Primeiro candidato a lançar sua plataforma eleitoral, o vice-líder do governo Beto Albuquerque (PSB-RS) é outro que defende a PEC que dilata os prazos como uma saída para driblar a falta de tempo para promover mudanças já nas próximas eleições. "A reforma política e eleitoral e a desverticalização são temas que devem constar da agenda mínima da próxima gestão da Câmara, para que esse ano não acabe melancolicamente", pondera Albuquerque, que consumiu boa parte da tarde de hoje (20) distribuindo sua plataforma eleitoral aos eleitores deputados.

"Fui eu quem pediu a inversão de pauta e a aprovação da PEC que dilata os prazos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na semana passada", lembra o vice-presidente do PTB, deputado Luiz Antonio Fleury Filho (SP), recém lançado na corrida sucessória da Câmara. A CCJ aprovou apenas a admissibilidade da PEC que o petebista considera fundamental para que o Congresso tenha tempo de fazer ao menos uma mini-reforma política. Fleury também considera fundamental derrubar a verticalização porque, do contrário, diz ele, o PTB não apoiará nenhum candidato a presidente. "E inevitável que esses dois temas entrem na ordem do dia porque é isto que a Casa quer", completa Michel Temer.

Boa parte dos tucanos, em que se inclui o candidato a presidente da Casa, Jutahy Júnior (BA), também defende mudanças urgentes no sistema eleitoral, para moralizar e baratear as campanhas, e uma reforma mais profunda no sistema político, adotando-se o voto distrital misto. "Acho importante abrir um espaço para algumas mudanças na legislação eleitoral em tempo de alcançar as disputas de 2006 porque a resposta da Câmara a essa crise toda até agora foi zero", resume o líder do PSDB, deputado Alberto Goldman (SP).

Forte candidato à sucessão de Severino, o primeiro vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô (AL) diz que, em tese, acha "interessante" a idéia da PEC que dilata os prazos. Mas não é o que diz boa parte do PFL. "Acho isso um casuísmo e um risco muito grande", critica o vice-presidente nacional do PFL, senador José Jorge (PE).

"Sou contra esse casuísmo e estou muito cético quanto à aprovação de uma reforma política este ano", emenda o deputado ACM Neto (PFL-BA). "Pode até ser um casuísmo, mas talvez seja algo imperioso nesse momento, rebate Beto Albuquerque, para concluir: "Não podemos ir para as eleições de 2006 com as mesmas regras que permitiram toda a crise que está aí".

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