Sucessão de Rondeau preocupa senadores do PMDB

É crescente a tensão no PMDB do Senado em torno da sucessão de Silas Rondeau, que se demitiu na terça do Ministério das Minas e Energia, sob suspeita de ter recebido propina da máfia que fraudava licitações de obras públicas. Um dirigente do PMDB revelou que "não foi boa" a conversa que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador José Sarney (PMDB-AP) tiveram ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. Segundo o dirigente, os dois senadores estão muito irritados e se queixaram ao presidente da ofensiva de setores do PT que pediram, publicamente, a demissão do ministro Rondeau.

Na conversa com Lula, Renan e Sarney citaram o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), e o governador petista de Sergipe, Marcelo Déda. A dupla de peemedebistas está preocupada com a deterioração do ambiente político na relação com setores do governo e do PT e avalia que há uma ação deliberada para enfraquecê-los e abalar o prestígio de ambos dentro do partido, do Senado e da coalizão. Um interlocutor dos senadores diz que a avaliação predominante é de que setores do PT, tendo à frente o ministro da Justiça Tarso Genro, estariam por trás da "manipulação dos vazamentos políticos" das investigações feitas pela Polícia Federal na Operação Navalha. Tudo com o propósito de desgastá-los.

Preocupado com a movimentação de petistas de olho no ministério, o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), começou um trabalho de sondagem dos aliados. Raupp procurou hoje a líder do PT, Ideli Salvatti (SC), e o ex-líder Aloizio Mercadante (PT-SP). Quis saber, claramente, do interesse do PT em indicar o novo ministro das Minas e Energia. O líder diz que Ideli e Mercadante foram taxativos na negativa e que defenderam a manutenção da partilha do poder definida na reforma ministerial. Além do surgimento de nomes do PT como alternativa para o ministério, também alimenta a suspeita dos peemedebistas o fato de a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), ter mantido sua influência sobre o setor elétrico durante a gestão de Silas Rondeau e a certeza de que ela não vai abrir mão disso.

O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), telefonou ontem à noite para Renan, prestando solidariedade e garantindo que a disputa interna por cargos do segundo escalão não contaminará a sucessão de Rondeau. Ao contrário, os deputados peemedebistas entendem que é fundamental que o ministério das Minas e Energia permaneça na cota da bancada do Senado, não só em nome do equilíbrio interno de forças, como também da coalizão.

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