Brasília – O ex-diretor de Operações da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafo (ECT), Maurício Madureira, negou hoje (22) ter visto irregularidades em processos de licitação. Em depoimento na sub-relatoria de Contratos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, ele também negou ter relações estreitas com Maurício Marinho, ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material.
Madureira declarou que "colocaria a mão no fogo" pela estatal, mas segundo o sub-relator da Comissão, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), "teria a mão bastante queimada, pelo que eu ouvi do depoimento dele, pelo que li das auditorias e pelo que ouvi de outros depoentes nesta CPMI e também no Ministério Público".
Cardozo pediu que fosse feito um requerimento para a quebra de sigilo bancários, fiscal e telemático (telefone e e-mail) de Madureira. E a convocação de Julio Yoto, assessor cuja indicação o ex-diretor disse ser sua, enquanto Maurício Marinho havia atribuído a si a indicação, durante seu depoimento.
Cardozo também disse não acreditar que a relação entre Madureira e Marinho fosse distante, conforme o depoimento. Durante todo o depoimento Madureira negou também ter relações estreitas com Maurício Marinho. "A CPMI dos Correios tem apresentado muitas coincidências. Ele conhecia Maurício Marinho quando trabalhava em Belém, no Pará. Posteriormente, ele também trabalha com uma relação direta com alguém que é vinculado a Roberto Jefferson e, em determinado momento, todos se encontram na direção dos Correios. É muita coincidência. Resta verificar se essas coincidências não seriam um pretexto daqueles que formaram uma quadrilha para extorquir os cofres públicos", disse.
Segundo o sub-relator, outra questão negada por Maurício Madureira foi a existência, nos editais para contratação de empresas para o transporte aéreo noturno, de exigências que limitassem a concorrência e favorecessem as empresas Skymaster e Beta. "Existem suspeitas muito fortes de irregularidades na diretoria de operações dos Correios. Havia uma situação de desvio de dinheiro, de fraudes, de beneficiamento indevido de contratados, o que deve ter produzido um prejuízo imenso aos cofres da União", afirmou Cardozo.