Responsável pelas campanhas vitoriosas de 28 candidatos, incluindo o presidente Lula, Fernando Collor e Paulo Maluf, o publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, estão impedidos de vender seu patrimônio ou de movimentar suas contas bancárias. A decisão de bloquear os bens foi tomada no mês passado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, relator da denúncia feita pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, contra os 40 envolvidos no esquema do mensalão. No processo, que corre em segredo de Justiça, o ministro acolheu o pedido em relação ao publicitário e a outros denunciados.

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A justificativa é de que todos eles têm contas a acertar com a Receita Federal – o passivo de Duda com o Estado pode chegar a R$ 30 milhões. Em respeito ao sigilo, o procurador-geral deve ter feito o pedido à parte, já que não consta no texto da denúncia que ele divulgou dia 11 de abril. Também em decorrência do trâmite do inquérito, assessores do STF confirmam o nome de Duda, mas se calam diante dos demais nomes.

O advogado dos publicitários, Tales Castelo Branco, informou que em agosto vai contestar a decisão do ministro com um agravo regimental, por entender que seus clientes já pagaram os impostos devidos pelo dinheiro que receberam fora do País. Ele esclarece que a decisão refere-se a "bens da pessoa física", não das empresas a que estão ligados. "As empresas funcionam normalmente.

Segundo o advogado, pesa contra Duda e Zilmar acusações de manutenção de conta no exterior e sonegação fiscal, não as denúncias relacionadas pela procuradoria: formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão ilegal de divisas e corrupção ativa e passiva. "O mais tem de estar comprovado", diz.

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Castelo Branco foi quem conduziu a defesa da ex-ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Melo. Ela foi absolvida na terça-feira da última acusação, referente ao governo Fernando Collor, que ainda pesava contra ela: a de que determinara reajuste de tarifas de ônibus para atender aos interesses do chamado esquema PC.

Mensalão

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Na denúncia recebida pelo STF em 30 de março, são denunciados petistas que permanecem no governo, como o chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos, Luiz Gushiken, ou que tiveram de deixar os cargos em função das acusações da CPI dos Correios. Entre eles, o ex-ministro José Dirceu, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira e o ex-tesoureiro Delúbio Soares.

Os 40 indiciados foram identificados pelo procurador-geral como "quadrilha". Até a nova decisão do STF, apenas os bens do publicitário mineiro Marcos Valério estavam indisponíveis.