Dois meses após o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, ter denunciado 40 pessoas suspeitas de envolvimento com o mensalão, o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não conseguiu notificar todos os investigados. Entre os que não foram encontrados está o deputado cassado e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu – ele esteve hoje em Brasília, costuma ministrar palestras e participa de eventos públicos. Além de Dirceu, os oficiais de Justiça não conseguiram notificar o deputado José Janene (PP-PR) e os ex-deputados Pedro Corrêa e Paulo Rocha.
A informação sobre o paradeiro desconhecido de José Dirceu é do relator dos dois inquéritos que tramitam no STF e apuram o mensalão, ministro Joaquim Barbosa. Ele disse que o procurador havia pedido a prisão de suspeitos de envolvimento com o mensalão, entre os quais o publicitário Marcos Valério de Souza, sua mulher e sócios. Indagado se também teria sido requisitada a prisão de José Dirceu, Barbosa acenou afirmativamente com a cabeça. Questionado novamente, ele disse que não "fulanizaria" a questão. O ministro rejeitou todos os pedidos.
Segundo ele, a prisão preventiva não pode ser utilizada como uma antecipação de cumprimento de pena. Ele observou que é necessário que existam motivos para a prisão – como risco de fuga ou de novos crimes.
Segundo Barbosa, as notificações não foram realizada porque as pessoas mudaram de endereço. "José Dirceu é um deles", afirmou o ministro. Barbosa disse que caberá ao procurador-geral, autor da denúncia, localizar os investigados. As pessoas podem ser notificadas por edital, caso não sejam encontradas pelos oficiais de Justiça.