Os ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, e da Fazenda, Guido Mantega, vão se reunir, até a próxima semana, para o início das discussões do Plano de Safra 2007/2008, a ser anunciado até julho. A questão central das discussões será a pressão do setor agrícola, encampada por Stephanes, para que haja a redução dos juros para as operações oficiais de crédito, atualmente em 8,75% ao ano. "Esta seria a aspiração nossa e dos nossos produtores", disse Stephanes após a reunião com deputados na Comissão de Agricultura da Câmara, na qual ele criticou ainda as altas taxas aplicadas nas dívidas acumuladas pelo setor.
Stephanes deve sustentar, no primeiro encontro entre ambos, que os juros atuais são os mesmos desde quando a taxa Selic era de 23% ao ano. Mas o ministro da Agricultura admite que o assunto é delicado. "Há questões mais complexas que têm de ser compatibilizadas com a política geral do governo e entre elas está a discussão dos juros, que terá uma decisão mais complicada", afirmou o ministro. "Já existe uma política macroeconômica e algumas questões têm de ser discutidas nessa linha", completou.
Stephanes admitiu, em conversa com os deputados, que, se não for possível a redução dos juros agrícolas, uma saída seria a ampliação de recursos públicos para o financiamento com os 8,75% já que várias operações de crédito são feitas com juros mais altos, pois os recursos públicos são limitados. Na safra 2006/2007, o volume total foi de R$ 60 bilhões.
Além dos juros e do volume de recursos para o Plano de Safra 2007/2008, Stephanes afirmou que irá conversar com Mantega sobre questões tributárias e ainda formas para a redução dos custos de insumos agrícolas aos produtores. Stephanes considerou ainda os médios produtores como os mais prejudicados, por não terem recursos da agricultura familiar e não terem a estrutura para enfrentar uma crise agrícola que os grandes agricultores possuem. "Por isso, se garantirmos mercado e preço, a coisa seria resolvida", avaliou o ministro.
Na reunião que durou quase quatro horas com os deputados ruralistas, Stephanes ainda criticou a falta de logística, principalmente para o escoamento da safra agrícola do Centro-Oeste, e chegou a sugerir que os R$ 500 milhões gastos pelo governo por ano em operações de equalização poderiam ser destinados para obras de infra-estrutura.