Rio, 26 (AE) – O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile, disse hoje que está “apelando a Deus” para que ilumine o presidente Lula a mudar a política econômica do País. O economista afirmou que na atual conjuntura “não há espaço” para a reforma agrária, que “segue em passo de tartaruga”.
“Já estou apelando a Deus. Sou um homem religioso e acredito que muitos no movimento e nas igrejas estão rezando para que Deus ilumine o Lula e que ele mude a política econômica. Do jeito que está só vai aumentar a pobreza, porque mesmo com a economia crescendo, não distribui renda”, declarou Stédile, antes da cerimônia Prêmio Luta Pela Terra, organizado pela entidade no Rio como parte das comemorações pelos 20 anos do MST.
Ele citou o ministro Olívio Dutra (Cidades) ao questionar a falta de recursos para habitação. “Coitado do Olívio Dutra, ele não faz nada porque não tem dinheiro. Enquanto isso, o governo paga juros de R$ 70 bilhões da dívida pública.” Mostrando dados do IBGE, Stédile afirmou que a atual política econômica não distribui renda e favorece o capital financeiro: “Estão aí os dados revelados pelo IBGE: de janeiro de 2003 a maio de 2004, a produção industrial cresceu 6,5%, mas ao mesmo tempo o emprego industrial diminuiu em 3% , declarou.
“Nós apelamos de novo para a frase célebre do ministro José Dirceu que a imprensa não deu muita importância, de que se um governo não aplica uma política econômica que elimine a pobreza do povo, de que adianta ser governo?” O coordenador do MST disse que a “correlação de forças” mudou com a eleição de Lula, mas criticou o governo: “A reforma agrária depende de uma conjugação de fatores, de melhorar a organização. Os conservadores e reacionários, com medo de que a reforma seja acelerada, usam os meios de comunicação para tentar jogar o MST contra o governo e o governo contra o movimento. Não nos abstemos de fazer críticas, porque reforma agrária segue em passo de tartaruga.” Stédile afirmou que a demora ocorre por dois motivos: a manutenção de uma política econômica “que é herança do neoliberalismo” e o fato de o Estado brasileiro, na opinião dele, não estar acostumado a desenvolver programas sociais de apoio aos pobres. O economista defendeu que seja feita uma reforma administrativa do Incra, “para que o Estado trabalhe a favor do pobres, porque hoje tudo é difícil, é demorado, não tem gente”.
“Nosso inimigo principal é o latifúndio e o agronegócio, que só produz dólar e pobreza. O governo é nosso amigo.” Stédile também citou a importância da educação para o movimento. Segundo ele, existem atualmente convênios com 42 universidade brasileiras e 58 militantes estudando medicina em Cuba.
Stédile diz que reza para Lula mudar política econômica
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