A diretora de Risco Soberano da agência de classificação de riscos Standard & Poor´s, Lisa Schineller, afirmou nesta segunda-feira (27) que três razões explicam o porquê de o Brasil ainda não ter obtido o grau de investimento (investment grade). Segundo ela, o primeiro motivo é a elevada dívida pública, que está próxima de 50% do PIB. "Países com investment grade têm dívidas da ordem de 30% do PIB.
A segunda razão é a despesa com juros do País ser grande, ao redor de 20% das receitas, enquanto nos países com grau de investimento essa despesa representa menos de 10% das receitas, afirmou.
E o terceiro motivo, segundo ela, é o ritmo de crescimento econômico, que em países com grau de investimento é mais elevado e de forma sustentada ao longo do tempo, o que ainda não acontece no Brasil.
Antes de receber os representantes da S&P, o ministro da Fazenda Guido Mantega, disse que iria questioná-los sobre o porquê de as agências de rating serem "tão rigorosas" com o Brasil. Para Mantega, o País já poderia estar mais próximo do grau de investimento. A diretora da S&P não comentou o teor da reunião com o ministro e integrantes do ministério da Fazenda. Ela permaneceu na sede do ministério durante cerca de 2h30.
Lisa Schineller disse que a perspectiva positiva concedida ao rating brasileiro na semana passada pela agência ocorreu por causa da continuidade na melhora das contas externas, na melhora na composição da dívida interna e também da estabilidade macroeconômica em pleno ciclo eleitoral.
Além disso, contribuiu ainda para melhorar a perspectiva brasileira o próprio debate sobre medidas fiscais que, segundo ela, criou uma expectativa de maior flexibilidade fiscal para o próximo mandato. Segundo ela, a falta de flexibilidade fiscal é um grande problema da economia brasileira. "Temos expectativas de que a partir do ano que vem isso melhore um pouco", disse ela lembrando ainda que em média uma perspectiva positiva se transforma em melhora da classificação em um prazo de um ano e meio.