O governo federal, depois de uma provocação via Justiça para que iniciasse o imprescindível trabalho de salvar as estradas esburacadas deste País, decidiu fazer uma operação tapa-buracos emergencial em 26 mil quilômetros de BRs. A governadora do Rio, Rosinha Garotinho, diante da gravíssima situação da BR-101, trecho que liga aquele estado ao Espírito Santo, mandou fazer por conta própria remendos imprescindíveis e entrou com uma ação na Justiça, para obrigar o governo da União a tomar providências, já que se trata de uma rodovia federal. A resposta de Brasília foi mandar a Polícia Rodoviária interromper as obras. Recorrendo, o governo carioca ganhou o direito de tapar os buracos e, agora, Lula mandou liberar pouco mais de R$ 400 milhões para afinal agir, remendando rodovias em péssima situação, a maioria em Minas Gerais.
O Paraná em quase nada será beneficiado. Pelo contrário, o ministro do Planejamento já informou que nas rodovias federais que cortam o nosso Estado serão instaladas praças de pedágio… Ao invés de receber, vamos pagar. E isso num Paraná cujo governo, o de Roberto Requião, é visceralmente contra o pedágio e tem lutado, inclusive na Justiça, para acabar com o sistema implantado pela administração Jaime Lerner. Quem conhece Requião, sabe que irá protestar.
O caso das rodovias que levou o governo da União a agir só agora, precipitadamente, decidindo fazer amanhã o que deveria ter feito ontem ou anteontem, é um bom exemplo da condução dos programas públicos na atual administração federal. Sob o comando de Lula e do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, a política econômica praticada foi, desde o início, a produção de superávites os maiores possíveis, acima até dos que constam dos planos governamentais registrados no papel e mais altos do que os recomendados pelo Fundo Monetário Internacional. Esses superávites nos valeram a possibilidade de rolar as dívidas do País e produzir uma mínima redução no seu montante. O pagamento antecipado da dívida com o FMI e a anunciada quitação dos débitos com o Clube de Paris e com a ONU coroaram essa política de economia e aperto. Os resultados são bons, no sentido de que aumentam a confiança do mercado internacional. E ruins quando verificamos que estamos pagando antecipadamente dívidas que têm juros módicos dentro dos padrões internacionais e ainda que foram sonegados aos brasileiros serviços em diversas áreas essenciais. A primeira vítima governamental dessa política de ?mão de vaca? foi o ministro Cristovam Buarque, que quando estava na pasta da Educação reclamou da falta de recursos. Recebeu um puxão de orelhas em público do presidente Lula. Engoliu, mas não tardou a deixar o governo e o próprio PT. Os outros ministros também se queixaram, como foi o caso do ministro da Agricultura, que apontou a falta de recursos para a prevenção da febre aftosa, e a ministra-chefe da Casa Civil, que enfrentou o ministro Palocci.
Mas o Brasil e seu povo perderam. Não foram gerados empregos suficientes, as estradas esburacadas causaram prejuízos e os consertos custarão mais caro do que se tivessem sido feitos tempestivamente; a febre aftosa provocou e provoca elevadas perdas para o País. Foi uma economia insensata.