Cerca de 300 moradores de rua e pessoas carentes que todas as noites tomavam sopa e recebiam outros alimentos doados pela comunidade na Praça Tiradentes, agora são servidos em uma das salas do Espaço Jovem, mantido pela Fundação de Ação Social, no prédio que abrigou a Casa do Pequeno Jornaleiro (Capejo), na Rua Saldanha Marinho. O local oferece mais conforto e dignidade no atendimento.
Encontro promovido pela Regional Matriz na quarta-feira (12), na Capejo, reuniu empresários, Guarda Municipal, organizações não-governamentais, Polícia Militar e a Fundação de Ação Social (FAS ) para uma avaliação sobre o atendimento aos carentes. O atendimento mobiliza a comunidade de domingo a domingo, das 18h às 22h.
"Com o atendimento em espaço apropriado, os carentes agora dispõem de higiene e conforto, podendo se acomodar em mesas, ganhando carinho, atenção e solidariedade de atendentes e doadores", diz o administrador regional da Matriz, Omar Akel.
O novo endereço, que aos domingos chega a receber até 450 pessoas, entre moradores de rua, desempregados e trabalhadores informais, afasta a preocupação com a degradação do logradouro pelos comerciantes estabelecidos no entorno da praça. A revitalização da Praça Tiradentes deverá iniciar em breve e faz parte do Programa Marco Zero, da Prefeitura de Curitiba.
Cadastro
A diretora do Espaço Jovem, Rogéria Hernandez, disse que todas as pessoas atendidas, carentes ou em situação de risco, são cadastradas e passam a receber uma alimentação diária. O próximo passo, além do registro do nome e de alguma informação complementar constante na ficha, é saber a procedência do cadastrado.
Rogéria diz que boa parte das pessoas vive nas imediações dos aglomerados de baixa renda como a Vila das Torres. "Se constatarmos que a maioria dos atendidos vive em regiões como essas, até distantes do atual endereço central, o atendimento no futuro poderá ser levado a esses pontos, evitando deslocamentos longos e desnecessários de quem tem fome e gasta muita energia", afirma.
"A maioria do público atendido é formada por moradores de rua, em número cada vez maior, usuários de drogas e alcoólatras, que além da refeição ganham assistência e orientação, bem como conforto espiritual", diz Rogéria. Este atendimento é assegurado, por exemplo, pelo casal Ubiratan e Clarice da Silva, ambos da Associação Batista de Ação Social de Curitiba (ABASC), que todas as terças-feiras oferece a sopa aos carentes.
"A sopa vem em porções individuais, devidamente embalada e dentro das rígidas normas de higiene", afirma Ubiratan, que também atende comunidades carentes em outros pontos da cidade. Clarice diz que no fim do atendimento diário, os atendidos participam durante alguns minutos de meditação.
A coordenadora do Núcleo da FAS da Regional Matriz, Maria Angélica Palazzo Dias, explicou que no futuro deverá surgir um Centro de Convivência da Cidadania, no centro da cidade, capaz de receber o público que agora a sede da Capejo. O Centro, segundo o administrador Omar Akel, terá completa infra-estrutura onde as pessoas em situação de risco ganharão cuidados especiais, além de solidariedade.
A procura pelo jantar – que muitas vezes é a única refeição de quem tem pouco ou nada para comer – se dá em ciclos no Espaço Jovem. A primeira leva, normalmente formada por quem até ali nada ingeriu, lota as mesas distribuídas no salão, das 18h às 20h30. Os demais jantam das 20h30 às 22h, quando encerra o serviço.
Cardápio
Aos domingos e às segundas-feiras, a entidade assistencial Mãos que Ajudam, dirigida por Arly Santos, distribui sopa aos carentes, também servida na terça pela Abasc, dirigida por Ubiratan da Silva. "Cada dia a sopa tem outro sabor e é feita com variados ingredientes", afirma Rogéria Fernandez. Na quarta-feira, a sopa é servida por uma igreja evangélica.
Nas noites de sexta-feira, o cardápio variado inclui risoto, arroz e feijão, servidos pelo Seminário Nossa Senhora das Graças, enquanto a voluntária Sueli Rodaski, da Ordem Franciscana Secular das Mercês, serve pães, sucos, café e lanches em geral. A sopa de sábado vem do grupo espírita Leocádio Correia.