O governador Roberto Requião lança oficialmente no próximo dia 10, no Iate Clube de Paranaguá, o projeto de repovoamento do litoral do Paraná com robalos. No lançamento, serão soltos cerca de 30 mil alevinos da espécie. O projeto do governo Paraná está sendo executado pela Fundação Terra, em parceria com a prefeitura de Paranaguá, com a participação do Laboratório de Produção de Peixes Marinhos da Universidade Federal de Santa Catarina, responsável pela produção dos alevinos.

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O programa prevê até o final deste ano a soltura de 2 milhões de alevinos, medindo de 2,5 a 5 centímetros, nas baías de Paranaguá, Guaraqueçaba e Antonina, onde a espécie encontra-se escassa devido à pesca comercial e predatória. O custo total do projeto é de R$ 830 mil, recursos que serão oferecidos pelo Fundo Paraná, vinculado à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

?Além da natureza, diversas comunidades pesqueiras serão beneficiadas pelo programa, com o aumento da oferta desta espécie que dificilmente se reproduz em laboratório por ser um predador voraz. O robalo se alimenta de moluscos e pequenos peixes, inclusive da própria espécie?, informa o coordenador técnico do projeto e engenheiro de pesca José Maria Moura Gomes, da Semapa.

A primeira soltura de robalos foi feita no último sábado (27). ?Cerca de 65 mil alevinos foram soltos na Baía de Paranaguá?, garantiu Lúcio Tadeu de Araújo, presidente da Fundação Terra. Segundo ele, os locais para a soltura foram selecionados em função dos diagnósticos ambientais, como correntes marinhas, temperatura ambiental da água, Ph e salinidade. ?Foram levados em conta os parâmetros físicos, químicos e biológicos da água, para que os alevinos tenham mais chances de sobrevivência?, argumentou.

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Na natureza, as chances de sobrevivência do robalo é de 0,1%, ou seja, em cada mil alevinos, só um chega à idade adulta. ?Mas, quando criado em laboratório, o índice de sobrevivência aumenta, podendo chegar de 5 a 10%. Naturalmente, quanto mais tempo ficar em laboratório, mais aumenta sua chance de sobrevivência. Mas é preciso ficar atento para que não seja deflagrado um processo de canibalismo. Portanto, como se nota é extremamente difícil criar o robalo em laboratório, principalmente em larga escala?, disse José Maria.

?A ação de repovoamento com alevinos no tamanho apropriado, tem ação 10 a 15 vezes mais eficaz que a produção natural da espécie, protegendo-os da predação natural. Nesta primeira etapa do lançamento do projeto, serão soltos aproximadamente 95 mil alevinos na comunidade pesqueira de Amparo, beneficiando mais de 100 famílias de pescadores artesanais que, no futuro próximo, vão usufruir da pesca comercial do robalo?, acrescentou.

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Ele revelou ainda que a quantidade de alevinos a ser solta no litoral paranaense vai representar, num futuro próximo ? 2 anos depois da soltura ? um incremento de 20 toneladas da espécie disponível para ser capturada pela pesca artesanal e esportiva, na região da Baía de Paranaguá. ?Mas para isso é preciso que haja a colaboração das comunidades, que não podem permitir a pesca predatória. A comunidade deve atuar como fiscal do projeto?, finalizou Lúcio Tadeu de Araújo.

Governo do Estado e PUC

O Governo do Estado desenvolve um outro programa de repovoamento litoral paranaense com robalo. Ele vem sendo desenvolvido no Centro de Produção e Propagação de Organismos Marinhos (CPPOM), em Guaratuba, em parceria com a PUC ? Pontifícia Universidade Católica, e com recursos do Fundo Paraná, ligado à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Este projeto prevê, além da soltura de alevinos de robalo, a produção de ostra nativa em larga escala. Serão investidos R$ 1,3 milhão nas ações.

No início deste mês, o programa garantiu a soltura de 300 mil alevinos de robalo nas baías do litoral paranaense com o auxílio de associações de pescadores da região e do Iate Clube de Guaratuba. Além do trabalho de desova artificial, larvicultura, alevinagem e engorda dos peixes, o projeto prevê eventos de educação ambiental para conscientizar a população sobre a pesca predatória.

Estudantes bolsistas e universitários de todas as faculdades e regiões do Paraná participam do programa para aperfeiçoamento e estágio. Eles aprendem de perto as técnicas voltadas a maricultura. No CPPOM estão sendo produzidas espécies de robalo-peva, que podem atingir 50 centímetros e pesar até 5 quilos. Existem diversas espécies de robalos, que são peixes carnívoros e se alimentam, preferencialmente, de pequenos peixes e crustáceos. O robalo-flecha tem coloração acinzentada no dorso, esbranquiçada no ventre e uma lista lateral separando essas duas cores. Pode chegar a 1,2 metro e pesar 25 quilos.

Já o projeto voltado à ostreicultura sustentável no litoral paranaense fornecerá aos produtores as sementes de ostra nativa. Espera-se que, com o cultivo do molusco, o pescador tenha trabalho e produto de qualidade para comercializar durante o ano inteiro, o que vai reduzir a pressão sobre os bancos naturais de ostras nativas na região. No Paraná, os cultivos estão concentrados nos municípios de Guaraqueçaba, Paranaguá, Guaratuba e Antonina. O projeto prevê também orientações sobre educação ambiental, nas comunidades ribeirinhas, para que o pescador cultive os moluscos, sem degradar o meio ambiente.