São Paulo – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reagiu hoje (1) a críticas à política cambial, ao afirmar que a valorização da moeda brasileira frente ao dólar é resultado em grande parte da solidez da economia do país e afastou a possibilidade de mudanças, no curto prazo. ?À medida que o risco país foi caindo, uma enxurrada de dólares entrou no mercado?, justificou ele, em entrevista logo após palestra no 3º Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas.

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Ao grupo de acadêmicos, empresários e líderes de centrais sindicais, Mantega avaliou, no entanto, que a valorização está aquém do apregoado por muitos analistas do mercado. ?Existe valorização, mas não é na dimensão que está sendo propagada?, destacou. O ministro observou que o mesmo efeito foi constatado em outros países emergentes "e por razões semelhantes: sucesso no comércio exterior e condições sólidas no âmbito fiscal e monetário, que é o que temos hoje? .

O ministro garantiu que o governo manterá o esforço "para não permitir uma deterioração?. E citou como exemplo as intervenções por meio dos leilões de compras de títulos cambiais. Nos últimos 12 meses, informou, essas operações somaram US$ 150 bilhões: ?Sem esse conjunto de medidas que estamos fazendo, o dólar estaria abaixo de R$ 2,00, o que seria dramático?, disse.  Ele também citou outras formas de compensação aos exportadores, como a redução do custo, o aumento de eficiência e a desburocratização: ?Tudo isso é bom para o exportador que perde numa ponta e ganha na outra?.

Na semana passada, Mantega havia anunciado um conjunto de incentivos na área cambial, como a permissão para que os exportadores deixem no exterior parte dos recursos obtidos nos negócios, a fim de cobrir as despesas operacionais, e com isenção do recolhimento da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Para o ministro, os efeitos só deverão ser sentidos no médio prazo.

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Ele descartou qualquer possibilidade de alteração na política cambial, afirmando que ?não vai fazer nenhuma loucura?. E defendeu que o juro (a taxa Selic) tem um ritmo para cair e o câmbio tem uma certa lógica: "Nós somos partidários do câmbio flutuante e não vamos passar para a modalidade de câmbio fixo, como havia no passado, porque isso melhora por um curto período, mas piora em seguida?. Mantega previu será muito difícil o dólar retomar o nível de R$ 2,90 ou R$ 3,00, quando ?o Brasil era um país mais frágil, levantava suspeitas no mercado internacional e tinha um saldo comercial menor?.