Soja vira alimento de gado para produção de carne de qualidade

A produção de uma das lavouras de soja da região Norte do Paraná não vai participar da fase de colheita comercial e seus grãos não virarão commodity de exportação. São apenas 10,5 hectares plantados como leguminosa forrageira na Estância Toa Toa, propriedade rural no município de Apucarana com 300 hectares e rebanho de 600 animais, de Alfredo Bacciotti de Lima. Desde agosto de 2003 o serviço de extensão rural oficial do governo do Estado assessora a fazenda através do Programa Pecuária Curta Duração – PCD.

Na última quarta-feira, dia 9, as plantas inteiras da área de 7 hectares da lavoura foram ensiladas e armazenadas em um silo superfície com capacidade superior de 200 toneladas, como suplementação alimentar a ser utilizada no inverno e substituir parte da ração concentrada, que tradicionalmente é utilizada para dar acabamento aos animais destinados ao abate com idade de 24 meses. O rebanho a ser terminado este ano poderá chegar em 180 cabeças de novilhos precoces.

A margem de lucratividade deste tipo de pecuária que tem a finalidade de ofertar carne de qualidade ao consumidor final é muito pequena, afirma o zootecnista Geraldo Moreli, integrante da equipe do PCD da Emater, empresa vinculada à Secretaria da Agricultura e com atuação em 20 propriedades de referência no Norte e Noroeste, prestando assessoramento técnico através de convênio com a Dow AgroSciences, beneficiando pecuaristas produtores de carne.

Para Moreli, essa tecnologia de utilizar soja forrageira já vem apresentando resultados desde 1995 quando surgiu no Uruguai, atravessou fronteira e hoje existem avaliações em diversos Estados brasileiros, inclusive na região Sul paranaense, nos municípios de Castro e Ponta Grossa, com gado leiteiro. Além de acompanhar a lavoura e a ensilagem, a Emater encaminhará amostra do material colhido para análise da qualidade nutricional da silagem de soja e acompanhará o desempenho de ganho de peso dos animais em confinamento.

A variedade utilizada é a BRS 48, em sistema de cultivo padrão comercial para grãos, plantada no final de outubro. O momento de ensilagem é quando a planta atinge o final de enchimento de grãos e início de maturação, entre R6 e R7, "com as folhas amarelecendo e vagens cheias", destaca Moreli. Nesse estágio, o nível de matéria seca é de 30%, proteína pura entre 15% a 17% e energia (NDT) em torno de 72%. A previsão inicial era colher de 20 a 25 toneladas por hectare, mas a variedade aliada às boas condições climáticas na Estância aumentou o porte da planta dando volume médio ensilado superior a 30 toneladas por hectare.

O técnico da Emater destaca a importância do uso de inoculante durante a operação de corte da planta, colocando bactérias produtoras de ácidos e enzimas para atuarem com eficácia na fermentação e obter melhor conservação e manutenção da qualidade da silagem. Lembra ainda dos agrotóxicos utilizados na lavoura de soja, "que perdem qualquer toxidez porque passam fácil dos períodos de carências, já que o gado só irá consumir a silagem lá por julho".

A garantia de redução dos custos de produção passa pela análise da quantidade de ração fornecida para os animais. É tradição da atividade de confinamento utilizar 4 a 5 kg de concentrado por cabeça dia. Ao fornecer a silagem de soja, ela vai permitir reduzir o complemento médio para 1,5 a 2 kg de ração por animal dia, proporcionando um ganho ao pecuarista na economia de milho-grão e de farelo de soja e algodão, "que na época da necessidade de fornecer alimento ao gado, na entressafra, o preço do farelado está em alta, acabando com a já restrita margem de lucro de quem confina gado", diz confiante o proprietário e pioneiro na adoção tecnológica Bacciotti de Lima, dando reforço aos argumentos técnicos de que o aumento do ganho na atividade também se faz pela redução dos custos de produção.

Para este pecuarista, inverno não é problema, porque tem ainda em estoque mais de 600 toneladas prontas de silagem de milho e um bom canavial para garantir alimento de qualidade ao seu rebanho de gado de corte.

EMATER/Paraná – Mais informações Geraldo Morelli (43) 252-1123 e 9971-3363

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