A política do governo federal de incentivar o desenvolvimento no País do software livre – que pode ser modificado e copiado sem a necessidade de pagar licenças – começa a chegar aos celulares. Um grupo de universidades e empresas recebeu R$ 540 mil de financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia, para trabalhar num projeto chamado Quickframe, que tem como objetivo tornar mais fácil criar aplicações de software para telefones móveis. O grupo é formado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Compera e Intel. O projeto tem prazo de 24 meses.
"O projeto está alinhado à política industrial de incentivar tecnologias emergentes", disse o vice-presidente de Negócios da Compera, Fábio Póvoa. O objetivo do Quickframe é permitir que os programadores escrevam apenas uma vez o software para celulares, que rode em qualquer modelo de aparelho, independentemente da tecnologia e de características como tamanho de tela. "Hoje, para fazer um simples joguinho, o desenvolvedor chega a escrever 63 versões."
O Quickframe funcionará como um intermediário, traduzindo o programa escrito para as características específicas de cada celular ou computador de mão. Como é em software livre, poderá ser usado por qualquer empresa, o que deve incentivar o mercado de comunicação de dados via telefone móvel no País. "Poderemos atender aos nossos clientes de forma mais rápida", afirmou Póvoa. "E nossos concorrentes também."
Sediada em Campinas, a Compera surgiu da Unicamp, e é especializada em sistemas de comunicação de dados via celular. O grupo de pesquisa contará com sete pesquisadores das duas universidades, que irão trabalhar no Laboratório de Mobilidade da Unicamp, com o apoio de estagiários e estudantes de graduação e de pós-graduação. A Intel e a Compera darão suporte técnico e de mercado ao projeto, fazendo com que ele não se distancie das demandas concretas do público.