O sociólogo francês Michel Maffesoli realiza no dia 22 de maio, no auditório da FBN, a conferência ?O Reencantamento do Mundo?, com ênfase nas novas formas de sociabilidade entre os jovens, as tribos urbanas e os comportamentos solidários. Doutor professor na Sorbonne – Paris V, Maffesoli vai apresentar uma síntese dessa nova sociologia das formas e da vida atual, temas recorrentes de sua obra.
Um dos pensadores mais influentes da França atual, Maffesoli é especialista na análise do quotidiano e da pós-modernidade. Para ele, a sociedade vigente está apegada ao instante, ao efêmero e ao prazer imediato. ?A ideologia do progresso, centrada no indivíduo atomizado, foi substituída por um universo de rituais, prazeres e imaginários partilhados, por um autêntico reencantamento do mundo, que se estabelece na festa e numa outra relação com o meio ambiente. Esta nova sociedade não tem outra saída que uma ética trágica, de adesão à plenitude do instante, a que se associa a aceitação lúcida do seu sentido efêmero", diz o sociólogo.
Em seu último livro, ?A parte do Diabo ? Resumo da Subversão Pós-Morderna? (ed. Record), recém-lançado oficialmente durante a 18ª edição da Bienal de São Paulo, o sociólogo utiliza o dualismo (bem e mal, morte e vida) como ferramenta para entender a época em que vivemos. Através de algumas manifestações sociais, como raves, rachas automobilísticos e grandes shows de rock, o sociólogo exemplifica o comportamento humano contemporâneo, apontando um período de transição para um novo modo de agir e pensar, principalmente em relação à juventude. ?A energia juvenil deixou de ter como objeto a reivindicação, o projeto e a história. Ela se manifesta e se esgota no instante? (?A parte do Diabo?).
Maffesoli acredita que este é o inicio de um novo ciclo de relações sociais, que põe fim a uma era em onde o bem reina como valor absoluto. Segundo ele, a humanidade caminha para o que ele denomina "harmonia conflitante". Isto é, a vida social não pode mais ser compreendida como a expressão de um bem único. ?É preciso refletir sobre o sincretismo que se encontra nas novas gerações: religiosidade, festas de todos os tipos, desenvolvimento da música tecno e outros fenômenos da mesma ordem, que demonstram este conflito harmonioso das relações sociais?, explicou.
Além de professor, Maffesoli é diretor do Centro de Estudos sobre o Atual e o Quotidiano (CEAQ), e editor da revista Sociétés. É autor de diversas obras, dentre as quais destacam-se "A Transfiguração do Político" (1997), em que aborda as mudanças nas novas formas de política, "O Tempo das Tribos" (2000), que trata dos novos grupos sociais e "Sobre o Nomadismo" (2001), em que estuda a transição da era pós-moderna, e a volta aos arcaísmos.