Sociólogo diz que país melhorou em 60 anos

Rio de Janeiro – O Brasil mudou muito desde a edição, há 60 anos, do livro Geografia da Fome, do médico e cientista social Josué de Castro, mas ainda persiste um tipo de pobreza que é alimentada pela favelização das cidades e por crises de desemprego.

A constatação é do doutor em Sociologia, integrante do Conselho Diretor do Centro Josué de Castro e professor da Universidade Federal da Paraíba, José Arlindo Soares. Para ele, o livro foi um marco no mundo, já que mudou as formas de analisar as questões sociais, introduzindo discussões sobre meio ambiente, cultura, alimentação e questões estruturais, como a agrária.

Soares afirmou que o Brasil nunca conseguiu resolver a questão entre urbanização e emprego. Segundo ele, ainda persistem mazelas provocadas pela grande desigualdade social, embora tenham melhorado indicadores como mortalidade infantil, que Josué de Castro considerava conseqüência direta da fome.

Para o professor, os programas de transferência de renda adotados atualmente no país são importantes, mas precisam de algumas condicionantes. ?Se fizermos simplesmente o programa de transferência de renda vamos reproduzir um pouco o padrão de pobreza, criando situação de subsistência, até com um mercado local, mas sem evoluir?.

Em entrevista ao Programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional, o sociólogo afirmou que é preciso ter uma porta de saída, a infra-estrutura, e as condições técnicas para que o agricultor familiar e a mãe que receba o Bolsa-Família tenham alternativas no momento seguinte.?

O professor considera que no campo, o Brasil perdeu o tempo histórico. Para ele, atualmente a reforma agrária é algo muito mais ideológico do que uma mudança na estrutura produtiva. ?O fundamental hoje no campo, mais do que a reforma agrária, é apoiar a pequena agricultura familiar, aquele que já está na terra e tem vocação para a terra?.

Na área urbana, segundo ele, as dificuldades são o déficit habitacional e a educação dos jovens, porque o país está crescendo pouco, entre 2% e 3%, e uma das causas disso são as condições educacionais da população jovem. ?Muitas vezes nas agências de trabalho sobram vagas, mas as vagas não são ocupadas por falta de qualificação profissional?.

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