Sociedade de filho de Alckmin reforça acusação de favorecimento

Thomaz, filho do ex-governador Geraldo Alckmin, e Suellen, filha do acupunturista Jou Eel Jia, são sócios na empresa Eco Ervas, que fornece chás para o Spa Chant Ao, de propriedade do médico, revelou hoje o jornal O Globo.

Segundo denúncia, o spa abrigava cursos de capacitação de professores custeado por convênio com o governo paulista. Jia trata de Alckmin, já teve como cliente a ex-prefeita Marta Suplicy e integrou a equipe de acupuntura que cuidou da bursite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro de 2003.

Jia, reputado como acupunturista em São Paulo, tem uma clínica freqüentada por amplo arco ideológico. Há quatro anos ele instalou, com um sócio, o sofisticado Spa Chant Ao, na da Serra do Japi, em Jundiaí. Nos primeiros anos, o spa funcionou como "clube" de sua clínica, já que a prefeitura do município não concedia alvarás para hotéis e spas em zonas rurais. O sócio deixou a empresa e Jia herdou problemas financeiros, porque o hotel, sem alvará, tinha pequena freqüência.

Foi aí que funcionou sua proximidade com Alckmin. Ele propôs ao governador um convênio para treinar professores estaduais em técnicas de relaxamento e meditação, contidas no ch’an (zen, em japonês), um conjunto de práticas meditativas do budismo chinês que, segundo os conhecedores, ampliam as estados de consciência trabalhando a percepção, a concentração e a atenção.

Convênio com o PT

O convênio era uma reprodução de outro instrumento, que ele mantém com a Prefeitura de São Paulo desde 1988, firmado na gestão da então petista Luiza Erundina. Alckmin topou e a Associação de Jia fechou o convênio no valor de R$ 1 044.000 com a Secretaria de Educação. O valor corresponde a 1 06% do gasto total anual da Secretaria com cursos de capacitação de professores.

Segundo o PT-SP, o Diário Oficial paulista mostra que 864 professores do Estado já fizeram o curso de meditação no Spa Chant Ao, reunindo, em média, 50 professores por curso. Alguns professores que fizeram o curso elogiaram a eficácia da técnica exibida por Jia.

Jia foi convidado pela Secretaria de Educação de Pernambuco para testar o convênio lá. Deu um curso piloto que foi muito bem avaliado pelos professores de educação física, disse o secretário de Educação pernambucano, Mouzart Ramos. A repercussão do curso piloto foi tão boa que a secretaria quer ampliar o convênio a todos os professores do Estado, contou o secretário.

O PT paulista elegeu Jia como o calcanhar de Aquiles de Alckmin e, apesar do êxito do curso, denunciou o convênio como um ato que configuraria um privilégio dado pelo ex-governador a um amigo. A revelação da sociedade dos filhos dos dois reforçará a denúncia, apesar do porte modesto da Eco Ervas.

O primeiro convênio da Associação de Medicina Tradicional Chinesa do Brasil, comandada por Jia, com um governo foi firmado em 1988 com a Prefeitura de São Paulo, então comandada pela petista Luiza Erundina.

Desde então, a Associação forma médicos do serviço público em acupuntura, num curso ministrado no Hospital do Servidor Público Municipal. O convênio foi renovado nas gestões seguintes – Paulo Maluf, Celso Pitta e Marta Suplicy – e este ano forma sua 18ª turma.

Jia estava na equipe de acupunturistas que, no dia 12 de janeiro de 2003, foi atender o presidente Lula em sua residência, em São Bernardo do Campo. Acometido por uma crise de bursite logo depois da posse, Lula foi tratado por uma equipe chefiada pelo médico Roberto Calil Filho; entre eles, estava Jou Eel Jia.

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