Pelo menos 42 soldados foram mortos nesta quarta-feira (8) após a detonação de uma bomba por um militante suicida no principal centro de treinamento do Exército do Paquistão, informou o comando militar do país. Autoridades locais acreditam que o autor do ataque era um extremista islâmico. Os primeiros saldos davam conta de 35 vítimas fatais no ataque. "Um homem vestindo uma capa entrou correndo na área de treinamento e detonou os explosivos que levava consigo perto de um local onde recrutas estavam reunidos" informou o Exército, por meio de um comunicado.
Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pela explosão ocorrida em Dargai, cerca de cem quilômetros ao norte de Peshawar, capital da província de Fronteira Noroeste. Se ficar confirmada a suspeita de que militantes islâmicos teriam promovido o ataque a ação será a mais mortífera já promovida por rebeldes muçulmanos contra o Exército do Paquistão. Segundo o Exército, 42 soldados morreram e 20 outros ficaram feridos. No momento do ataque, 200 soldados estavam reunidos para os exercícios matinais.
Pouco depois do ataque, agentes de segurança detiveram um homem suspeito de cumplicidade com o militante suicida. O suspeito foi detido depois de uma perseguição numa aldeia próxima, disse uma fonte ligada aos serviços secretos locais. Mesmo sob condição de anonimato, a fonte não revelou a identidade do suspeito, limitando-se a informar que ele foi levado a um centro de detenção para que seja interrogado.
O Exército do Paquistão está engajado atualmente numa campanha para erradicar da região de fronteira milicianos islâmicos suspeitos de ligação com a milícia fundamentalista islâmica afegã Taleban e com a rede extremista Al-Qaeda, liderada pelo milionário saudita no exílio Osama bin Laden. A cidade de Dargai também abriga um grupo islâmico proscrito conhecido como Tehrik-e-Nifaz-e-Shariat Mohammadi, ou Movimento pela Aplicação da Lei Islâmica, que combate as forças do governo na região de fronteira com o Afeganistão desde 2002.
Na semana passada, o líder desse grupo, Faqir Mohammed, ligado ao número 2 da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, prometeu retaliação a um ataque do Exército no qual 80 pessoas morreram em 30 de outubro. O alvo era uma escola islâmica em Bajur, a apenas 75 quilômetros de Dargai. O ataque desencadeou protestos por todo o país.
De acordo com moradores da cidade atacada pelo Exército, as vítimas do eram civis inocentes, estudantes e professores em sua maioria. O Exército alega, entretanto, ter atacado "terroristas" e qualificaram o local como um "centro de treinamento". O atentado também aumenta o temor de que a guerra no Afeganistão possa ter se expandido ao Paquistão, um aliado-chave dos EUA na guerra contra o terror.
A aliança entre o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, com o governo americano tem irritado os radicais islâmicos e as incursões do Exército paquistanês nas regiões tribais ao longo da fronteira com o Afeganistão têm atraído duras críticas dos líderes tribais.