O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, deve ser afastado nesta terça do cargo. No Palácio do Planalto, na segunda, falava-se em demissão, pura e simples. Entre os padrinhos políticos da indicação de Rondeau para o ministério – o principal deles é o senador José Sarney (PMDB-AP) – havia ainda a busca de uma saída segundo a qual o ministro pediria licença até que todos os fatos sejam apurados. Seria a tentativa de uma saída honrosa, visto que nem o grupo de Sarney acredita que, a esta altura, haja salvação para o ministro.
Rondeau é apontado pelas investigações da Polícia Federal como suspeito de ter recebido, no ministério, R$ 100 mil de propina do empresário Zuleido Veras, dono da Construtora Gautama. Zuleido foi preso com outras 46 pessoas na semana passada pela Operação Navalha da Polícia Federal, todos sob a acusação de organizar uma máfia que fraudava licitações de programas governamentais como o Luz para Todos.
Uma alternativa à demissão imediata seria um pedido de licença do cargo por parte de Rondeau – uma saída no estilo da encontrada em 1993 por Henrique Hargreaves, então chefe da Casa Civil do presidente Itamar Franco (1992-1994). Na segunda, o próprio Itamar defendeu essa solução. A alternativa também agrada a outro ex-presidente. Sarney disse ao próprio ministro que o caso de Hargreaves criou uma espécie de ?jurisprudência? para auxiliares que se sentirem injustiçados por denúncias.
Rondeau e o presidente vão se encontrar hoje, pela manhã. A cúpula do PMDB, o senador Renan Calheiros (AL), o ministro das Comunicações, Hélio Costa (MG), e o próprio senador Sarney (AP) também vão ao Palácio do Planalto, mas para uma reunião com o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia.