Só mais competição baixa os juros, diz Meirelles

Os altos juros bancários do País só vão cair com o aumento da competição no sistema financeiro, que será induzido pela estabilidade econômica e por normas criadas pelo governo para esse fim, segundo avaliação do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles.

"Já trabalhei em países onde os spreads (diferença entre os juros pagos e os cobrados pelos bancos) eram baixos e posso atestar que não eram baixos porque os bancos queriam, mas porque a competição era muito forte. A experiência internacional mostra que estabilidade gera maior competição e essa competição gera queda dos spreads", disse Meirelles, em entrevista ao Estado, na qual fez um balanço do trabalho do BC em 2006.

Para Meirelles, entre as medidas que o governo adotou para estimular a competição destacam-se a flexibilidade da conta salário, a partir de 2007 – que permitirá ao correntista escolher em que banco deseja receber – e a regulamentação do cadastro positivo dos tomadores de crédito.

"Há também algumas medidas em andamento sobre a portabilidade de cadastros e de financiamentos, que irão nessa direção. Ou seja, há uma série de medidas em fase de implementação que farão com que a competição seja mais intensa e o tomador utilize a sua capacidade de barganha para conseguir taxas melhores", disse. Boa parte dessas medidas, entretanto, ainda carece de regulamentação, apesar de terem sido anunciadas no começo de setembro.

Ao discutir o trabalho do BC em 2006, o presidente da instituição voltou a rebater as críticas sobre o possível excesso de conservadorismo na política monetária e disse que, no Brasil, ainda persiste uma visão errônea sobre o trabalho do BC.

"Evidentemente, ainda há resquícios no Brasil, entre alguns formadores de opinião, de uma visão econômica do passado, onde prevalecia uma idéia de que um pouco mais de inflação poderia gerar um pouco mais de crescimento. Essa é uma idéia ultrapassada no mundo todo, provada errada", diz.

Para Meirelles, o trabalho da sua equipe no controle da inflação foi bem-sucedido, inclusive neste ano, em que a inflação ficará abaixo do centro da meta, de 4,5% pelo IPCA. "Se estar abaixo do centro fosse considerado erro de dosagem, então o centro seria piso, não centro.

Ele evitou comentar a sua permanência no BC no segundo mandato do presidente Lula, mas admitiu que poderá aceitar o convite. "Caso a definição a que cheguem o presidente e eu seja de permanência, me sentarei com cada diretor para saber seus planos e colocar os meus.

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