Florianópolis (AE) – As baterias de estréia terão de esperar. Os fortes ventos em Florianópolis adiaram o primeiro dia de competições do Nova Schin Festival, a etapa brasileira do World Championship Tour (WCT). Mas fora das águas, o hexacampeão Kelly Slater e o tricampeão Andy Irons já tiveram o primeiro encontro ? na sala de imprensa – para falar da competição que pode decidir o título do campeonato.
Ao ver os ídolos juntos na mesma sala durante a coletiva, foi possível confirmar as informações de bastidores de que ambos se respeitam, mas estão longe de nutrir amizade. A não ser por dois raros momentos, Irons sequer olhou para Slater, que estava sentado ao seu lado, durante quase uma hora de conversa. O clima bem poderia ser descrito a partir do jargão popular de que "os santos não batem". Especialistas garantem que nunca houve incidente que alimentasse inimizade. "O fato de estarmos sempre competindo atrapalha. Mas acho que quando encerrarmos carreira talvez possamos desenvolver alguma forma de relacionamento", diz Slater ao ser perguntado sobre o assunto.
Sobre a possibilidade de ser campeão antecipado da temporada no Brasil, o hexacampeão mostrou cautela e respeito ao adversário. "Estou em boa posição, mas isso muda se eu não garantir o título aqui. No Havaí (casa de Irons) é mais complicado." O tricampeão foi direto na avaliação de sua delicada situação. "Minha estratégia será vencer."
VIRADA
Irons e Slater vivem situações quase opostas das do ano passado. O primeiro estava em posição confortável na liderança do ranking e contava com um tropeço do australiano Joel Parkinson para ser tricampeão, o que acabou acontecendo. Hoje está com dificuldades de chegar ao quarto título. Apesar de estar na segunda posição do ranking, o surfista está satisfeito com seu desempenho.
"Consegui dois primeiros e dois segundos lugares esse ano e acho que tenho mantido uma certa regularidade."
Slater vivia uma fase ruim na carreira em 2004. Havia chegado ao Brasil já eliminado da disputa do título e sem ter ganho uma etapa sequer da temporada. "Acho que o ponto de virada foi no Taiti esse ano, quando um amigo me perguntou se eu ainda lembrava como era a sensação de vencer." Segundo o hexacampeão, a pergunta mexeu com seus brios e o fez conquistar a primeira das quatro vitórias do ano, que lhe colocaram na liderança do ranking. "Outra coisa que influenciou é o fato de que eu, sem os problemas do ano passado, pude ficar muito mais focado nas competições."