A atual situação no Iraque é "bem pior do que uma guerra civil", afirmou hoje o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, em entrevista concedida à emissora britânica de televisão BBC. Qualificando a situação como "extremamente perigosa", Annan, cujo mandato expira em 31 de dezembro, disse que a comunidade internacional precisa ajudar o Iraque a reerguer-se porque é impossível prever se o país árabe conseguirá isso sozinho.

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"De acordo com o nível de violência, com o número de assassinatos, com o ressentimento e com a forma como as forças estão posicionadas umas contra as outras, há alguns anos, quando tínhamos uma crise no Líbano ou em outros lugares, chamávamos a isso de guerra civil", comentou Annan. O que acontece hoje no Iraque "é bem pior que uma guerra civil", prosseguiu o secretário-geral.

Na semana passada, quando perguntado por jornalistas se o Iraque estava em guerra civil, Annan respondeu "quase". "Eu acredito que, devido aos últimos desdobramentos, a não ser que algo drástico e urgente consiga deter a crise, poderemos dizer que há uma guerra civil. De fato, estamos quase lá", disse ele na semana passada. Na entrevista de hoje à BBC, Annan concordou com a idéia de que hoje muitos iraquianos acreditam que a vida é bem pior do que durante a ditadura liderada pelo presidente iraquiano deposto Saddam Hussein.

"Eu creio ser correto dizer isso sobre a vida do iraquiano médio", comentou. "Se eu fosse iraquiano, obviamente faria essa comparação. Havia uma ditadura brutal, mas era possível andar pelas ruas, sair, levar os filhos para a escola sem que os pais ficassem com medo que eles não voltassem para casa", prosseguiu. "O governo iraquiano não é capaz de conter a onda de violência. A sociedade precisa de segurança, precisa de um ambiente seguro para poder progredir. Sem segurança não há muito que possa ser feito, nem recuperação nem reconstrução", concluiu.

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