Sindicatos e centrais sindicais realizam, nesta quinta-feira, e na próxima semana atos públicos contra a corrupção.A crise política estará nas mesas de negociação salarial mantidas entre empresários e trabalhadores das categorias com data-base no segundo semestre deste ano.
Os atos públicos tratarão do tema, além das tradicionais reivindicações de correção salarial integral pela inflação (com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor acumulado), aumento real de salário, redução de jornada sem diminuição dos rendimentos, maior oferta de benefícios e, como em anos mais recentes, mudanças na política econômica.
Nesta quinta-feira, a Força Sindical realizará uma passeata na Avenida Paulista, em São Paulo, em conjunto com a Central Autônoma dos Trabalhadores (CAT), a Social Democracia Sindical (SDS) e a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), para iniciar a mobilização de uma grande manifestação para protestar contra a corrupção marcada para dia 6, na Praça da Sé, no centro da capital paulista.
No protesto participarão os Sindicatos dos Químicos, Comerciários, Metalúrgicos, Padeiros, Telefônicos, Alimentação, Têxteis e Gráficos do Estado de São Paulo, com data-base no segundo semestre.
"O presidente Lula deve governar, baixar os juros, mudar a política econômica e impedir a contaminação econômica pela crise política. Se ele conseguir fazer isso bem, o resto pode deixar nas mãos de classe trabalhadora", afirma o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
Por "resto", Paulinho entende ser a obtenção pelos sindicatos, via negociação com empresários, de reajustes salariais acima da inflação aos trabalhadores.
Para o evento do dia 6, além de participarem a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), dois sindicatos da Força, o dos Metalúrgicos e o dos Trabalhadores da Construção Civil, farão "greves de advertência" em algumas localidades, protestando contra a corrupção e também exigindo que os empresários abram negociações.
Os metalúrgicos prometem paralisar 96 fábricas na capital paulista, com a mobilização de 56 mil trabalhadores, de uma base 260 mil empregados.
Entre os operários da construção civil, 10 mil devem cruzar os braços, com a interrupção de 80 dos 7.830 canteiros de obras da cidade, formando uma base de 220 mil trabalhadores.
"Sabemos, exatamente, como termina este filme da crise política: contamina a economia; o governo não baixa os juros, e a agenda de negociação dos empresários passa a ser a manutenção dos emprego. Não cairemos nessa", adverte o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Eleno José Bezerra.
Impeachment é, por enquanto, palavra a ser evitada nas manifestações da Força. "Ainda é cedo para falarmos em impeachment. Lá na frente, daqui alguns meses, se ficar comprovado o envolvimento do presidente nos episódios, vamos para as ruas pedir a saída de Lula", afirmou o presidente da Força Sindical.