O presidente da Federação Nacional das Associações do Comércio Varejista Transportador e Revendedor de GLP (Fenegás), Jorge Lúcio da Silva, sugeriu hoje, na Câmara, que o mercado de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP, conhecido como gás de cozinha) seja regulamentado por um código específico. "O setor encontra-se à mercê da clandestinidade e da bandidagem, inclusive porque funciona com pagamento à vista e assim atrai a lavagem de dinheiro", afirmou Silva, durante audiência pública da comissão especial encarregada de elaborar o Código Brasileiro de Combustíveis.

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O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás), Sérgio Bandeira de Mello, também defendeu a exclusão do setor de GLP do futuro código. Na opinião dele, para o GLP, o futuro Código de Combustíveis não será necessário, nem útil. "Leis já existem de sobra, falta é cumpri-las. O fundamental é fortalecer a Agência Nacional do Petróleo (ANP) para coibir a atividade informal no setor", propôs Mello.

Mercado precário

Para reforçar sua sugestão de um código específico para o GLP, o presidente da Fenegás exibiu fotos mostrando a presença, no mercado do produto, de diversas formas precárias e inseguras de comercialização, como a utilização de veículos antigos e inadequados, bicicletas, cavalos e até de trabalho infantil.

"Se a Câmara dos Deputados quiser fazer algo pelo GLP, deve refletir com mais profundidade sobre o setor, e constituir uma comissão específica para estudá-lo. O maior problema é que a ANP está engessada, sem força e sem amparo para fiscalizar esse setor, que é muito delicado e precisa ser tratado com mais critério, com mais responsabilidade", afirmou Jorge Lúcio da Silva.

Fim das restrições de uso

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Dos três participantes da audiência de hoje, o presidente da Federação Nacional dos Revendedores de GLP (Fergás), Álvaro Pereira Chagas, foi o único a manifestar apoio à inclusão do produto no futuro Código de Combustíveis. Ele sugeriu que o código redefina os papéis dos revendedores e dos distribuidores, a fim de promover maior equilíbrio na comercialização, com combate à clandestinidade.

Chagas propôs também o barateamento do produto, por meio da concessão de isenção tributária ao GLP de uso doméstico. Outra proposta do presidente da Fergás é o fim das restrições impostas ao uso de GLP na década de 80 (em saunas, por exemplo), quando havia ameaça de desabastecimento do produto.

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Ele explicou que essas restrições são hoje fora de qualquer propósito, uma vez que o Brasil está atingindo em 2006 a auto-suficiência em GLP e não há mais risco algum de desabastecimento do produto.

Novas audiências

A comissão aprovou hoje a realização de duas novas audiências. Por iniciativa do deputado Sandro Matos (PTB-RJ), serão ouvidos representantes da Confederação Nacional do Transporte (CNT), da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (ANTU) e do setor de transporte aéreo.

A requerimento do deputado Eduardo Valverde (PT-RO), serão ouvidos a Federação Nacional dos Trabalhadores de Postos de Combustíveis e o Sindicato dos Combustíveis e Derivados de Petróleo.

As datas dessas audiências ainda serão definidas.